sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quanto tempo não te vejo...

Ia rolar uma festa bombadona de uma grande multinacional só para jornalistas convidados. Tudo liberado: bebida, comida, show, entrada... Fiquei na fissura! Os dias passaram e eu não recebi nenhum convite. Liguei na cara de pau e a resposta: "desculpa, querida, mas já tá lotado". Vários amigos se arrumando pra ir, aquela invejinha... Graças ao Bom Deus, lembrei de repente que um amigo ia se apresentar lá. Liguei na hora pra ele! "Ih, tá tranquilo! Chega lá e diz que é Clarissa Leme. Ela vinha comigo, mas desistiu. Não tem erro!".

Fiquei na dúvida, mas decidi arriscar. Saí do trabalho de carona com o meu chefe com o ** na mão, morrendo de medo de ser barrada na porta e passar uma vergonha ridícula na frente dele e de todos os coleguinhas da imprensa. Mas fui mesmo assim. Cheguei na porta, confiante. "Qual o seu nome, por favor?" "Clarissa Leme". Sem piscar. "Ok, pode entrar."

Que alívio! Estava realizada! Um peso enorme acabara de sair das costas. Logo na entrada encontro um rosto conhecido. "Opa, João, quanto tempo!" "E aí, nunca mais nos vimos!".

"Pois é... Nossa, você não sabe a merda que me aconteceu para eu entrar nessa porra aqui! Tive que fazer o maior esquemão, fingir que era outra pessoa, dar nome errado. Essa festa é uma esculhambação, né? Mal organizada pra cacete! Qualquer um chega e fala que é fulano e entra. Sem falar que os assessores são megagrosseiros, dizendo que tá lotado. Mas, enfim, entrei nessa merda..."

"humm..."

" E aí, João! Continua chefiando a comunicação daquela empresa farmacêutica?"

"Não, não... Agora sou chefe da comunicação da empresa multinacional responsável por essa festa"

ê lelê....

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jotinha - EDIÇÃO EXTRA

Peço licença aos leitores e ao humor para prestar uma homenagem ao querido JORNAL DO BRASIL, que uniu os criadores desse blog...

"Vocês...
Vocês, vou dizer a verdade...
Vocês não têm idade
Vocês passaram e ficarão para sempre
Vocês são gente
Como eu, ela, todos nós
Foram vocês que nos deram voz
Em momentos de fria dolorosa escuridão
Vocês nos deram a mão
Enquanto eu jamais escreveria
Vocês foram a paz para a nossa agonia
Nos deram riso, alegria, denúncia, a bonança
Vocês foram a incerteza boa da constância
Vocês nunca irão, assim como nunca vieram
Foram vocês que nos disseram:
Meu bem, há esperança
Com vocês, nunca deixarei de ser criança
E almejar o triunfo da imprensa escrita
Vocês foram mais que jornal, mais que revista
Jornais do Brasil,
Não nos percam de vista!
(Cris Gerk)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ela é muito espirituosa....

Estava saindo do jornal tarde da noite quando recebi uma ligação no celular. Era um antigo colega de trabalho me chamando para o lançamento de um livro de um amigo dele. Pensei: ah, não tenho nada pra fazer, vou dar um pulo lá...

Desviei o meu caminho e entrei na sala onde estava havendo a recepção. Quando entrei, logo notei que só havia quatro pessoas no salão: meu colega, um velho, o escritor e o Paulo Betti. Entrei com naturalidade e logo fui apresentada ao ator como se pertencesse à roda de literatos fluminense. Me senti em casa.

Quando dei por mim, estávamos indo para um restaurante à convite do global: eu, o velho, meu colega e Paulo. Sentamos. Uma roda de assuntos começou animada. Em poucos minutos, começou uma sessão de anedotas. Aquelas célebres histórias de Joãozinho, portugueses, argentinos animando a galera. Pensei: não posso ficar de fora.

Lancei: "Nossa, e outro dia que dois gays estavam num vôo e um deles queria comer o cu do outro?". Todo mundo silenciou. Continuei: "Po, um virou para o outro e falou: 'to querendo te comer aqui, agora'. Aí o outro respondeu: 'mas aqui? Todo mundo vai ver!' 'Que nada! Tá todo mundo dormindo!'. Aí para provar o ponto, ele perguntou em voz alta para todo o avião: 'Aí, alguém tem um lenço aí? Um lenço?'. Como ninguém respondeu e seu ponto tava provado, os dois se comeram a noite toda no banco do avião. Um tempo depois, a aeromoça estava andando pelo corredor quando viu um velhinho tremendo. 'Senhor, o que há?'. 'É que estou com muito frio!', respondeu o senhorzinho. 'Mas por que não pediu um cobertor?'. 'Poxa, um homem ali pediu um lenço e comeram o cú dele pra caramba, imagina se eu pedisse um cobertor?'".

Terminei a piada do século com expectativa, aquele sorrisão aberto e os olhos arregalados à espera da aprovação da plateia. Paulo, o escritor, o velho e meu colega olharam pra mim em silêncio e soltaram um sorrisinho amarelo. O velho foi quem quebrou o gelo: "Ela é mesmo muito espirituosa". Sou eu...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sr. Fábio e a professorinha

Eu tinha quinze anos e estudava em um tradicional colégio da Zona Su do Rio. Costumava me envolver com pessoas estranhas no colégio. Nessa época, minha melhor amiga era Bruna, a filha do diretor. E como uma boa filha revoltada, Bruna costumava fazer o pai passar vergonha. Tinha duas manias: cheirar acetona na aula (nunca senti onda, mas ela jura que sentia) e beber vodka, levada dentro de uma garrafa de guaraná, durante o recreio.
Comecei a frequentar a casa de Bruna e pude conhecer mais de perto, além do diretor, o coordenador do Colégio, grande amigo da família. O Sr. Fábio era um homem por volta de seus 40 anos muito bem apessoado. Forte mesmo. Tinha braços enormes e uma cor morena que chamava a atenção das mães enfileiradas na porta do colégio. Era casado e a esposa era professorinha do maternal. Minha convivência com o diretor e coordenador fez com que uma relação de amizade se criasse. Ao ponto de, durante uma semana em que estive com a perna quebrada, fosse levada no colo por aquele homenzarrão até o último andar da escola, onde ficava minha sala. Todos olhavam no colégio. E eu me achava o máximo por tamanha mordomia vinda do coordenador bonitão.
Na segunda-feira, depois de tirar o gesso, pretendia ir até a sala da coordenação agradecer. Porém, quando cheguei no pátio, pairava um burburinho entre os alunos. Ao me aproximar, vi na mão de um deles uma foto: Sr. Fábio Nú! E não, não era um nú artístico em prol da cultura ou educação! Era um nú pornográfico! Aliás, o primeiro que vi tão de perto na vida.
O coordenador de um dos colégios mais respeitados da Zona Sul do Rio tinha sido pego em um site de prostituição por um aluno! Meu Deus! Foi um choque. Nunca mais ele apareceu. Segundo informações do pai de Bruna, foi trabalhar no interior do Rio, onde a história ainda não tinha chegado. Alguns juram que já assistiram por aí filmes pornôs do Sr. Fábio com a professorinha!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Flagra no banheiro

Fábio e Carla tinham uma vida sexual ativa. Jovens, recém-casados, mandavam ver todos os dias, sem cerimônia. Mas para não fugir à regra, havia um descompasso. Carla odiava dar aquelazinha pela manhã. Não tinha conversa. Ao contrário, Carlos acordava quase todos os dias excitado, pronto para iniciar os trabalhos logo nas primeiras horas da manhã. E, inevitavelmente, acabavam discutindo quando conversavam sobre o assunto.
Mas não tinha jeito. Na cama, era só Fábio, já naquele clima, encostar na mulher que a casa caía. E o resto do dia, se perdia. Certa manhã, o jovem acordou quase enlouquecido. Aquela vontade incontrolável, a cueca já furando. Olhou para o lado, observou quase salivando aquelas curvas perfeitas de Carla, cobertas por uma camisola transparente, pensou e desistiu da ideia. Não tinha mais paciência para as brigas. Levantou-se calmamente, sem fazer barulho, e foi para o banheiro.
Sentado na privada, Fábio descascava com vontade. Sem pena. De repente, a porta do banheiro se abre. Carla, diante da cena do marido descabelando o palhaço, não conseguia acreditar no que via.

- Que merda é essa Fabinho?!! Isso é ridículo demais - desabafou a mulher.

Completamente constrangido, já praticamente brochado, Fábio soltou a pérola.

- Amor, eu juro que estava pensando em você. Eu juro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Lambança na esquina de casa

Estava saindo de casa e virei a rua distraída, ao som do meu iPod. A duas quadras do meu prédio, fui sugada do meu mundinho paralelo pela imagem de um mendigo maltrapilha, que perambulava cambaleante pela calçada. "Coitado...", pensei.

Jung foi mestre quando definiu o inconsciente coletivo. O mendigo certamente percebeu minha cara e meu olhar piedosos e não tardou em fazer uma abordagem:

"Moça, uma esmolinha, por favor"

Pensei: puta merda. É fato que tinha sentido pena e tal, mas não tava disposta a abrir a bolsa, tirar a carteira e dar um dinheiro aquele homem ali, naquela hora... Mesmo assim, meu coração estava tomado de sentimentos puros. Olhei bem nos olhos deles com toda a doçura do meu ser e respondi:

"Desculpa, moço, não tenho"...

Depois desse momento, tudo fluiu muito rapidamente. Foi quase um piscar de olhos. Quando me dei conta de mim, ele estava estendendo a mão na minha direção. No auge da ingenuidade, pensei: "ele quer me cumprimentar". Estendi a mão pra ele também. Ele segurou gentilmente minha mão, e foi levando lentamente em direção à boca, olhando fixo para o meu rosto com uma expressão de "te quero nega". De novo pensei: "Tadinho, ele só quer dar um beijo na minha mão". Ai, santa...

De um momento pro outro, ele começou a lamber sensualmente a minha mão toda. Eu fiquei sem reação. Puxei a mão rapidamente. Ele na expectativa do que eu faria a seguir e eu completamente disorientada, só consegui responder:

"Obrigada".

E saí.

Então, gente, se algum mendigo se sentir à vontade de lamber a sua mão na rua, podem me culpar... afinal, ele deve ter achado que eu adorei a lambidinha...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aí, irmão, vai um pedaço?

Sempre tive o hábito de oferecer tudo que comia. Foi coisa que minha mãe, lá do interior de Minas, me ensinou quando eu tinha nove anos. Ela dizia: "Já ofereceu balinha pros colegas? Deu biscoito pra sua irmã? Esse bife é para você e para a sua prima hein!". Aprendi.

Um dia fui de férias viajar pela Bahia. Tinha passado a manhã e a tarde inteiras na praia sem comer e estava morreeeeeendo de fome! Fiz umas comprinhas (presentes pra velha) e passei naquele MacDonald´s esperto. Pedi uma promoção de BigMac pra viagem e entrei no busão pra deixar as compras no hotel.

Sentei lá no fundo do coletivo e comecei a degustar satisfeito meu sanduba. Estava mastigando feliz quando percebi olhares desejosos no banco ao lado. Não sei era paranóia infantil, mas dois branquelos maltrapilhas, mal-encarados, olhavam fixamente para a minha cara, com expressão raivosa. Pensei: putz, tão com fome e cobiçando meu Mac... e eu nem ofereci, que horror. Isso não pode. Como bom filho, fiz o que mamãe sempre ensinou:

"Aí, irmão, vai um pedaço?", perguntei, na maior boa vontade desse grande Brasil.
"Po, valeu xará, quero não", respondeu um deles.

Sei que o gesto é meio esquisito, afinal quem iria aceitar morder o sanduíche de um estranho no ônibus? Mas infância é infância, né, cara, fica no inconsciente, é quase automático.

Dois minutos depois, entendi a cara raivosa dos sujeitos. Eles estavam se preparando para uma grande cena. Foram armados para a frente do ônibus e anunciaram: "Aí, rapaziada, é assalto. Vão passando tudo ou levam bala" (e não era a balinha que eu dava pros colegas). Eu, com um pedaço enorme de batata frita na boca, quase me engasguei. Eles foram passando por todos os bancos fazendo a limpa, enquanto eu me enrolava com o Catchup, as compras, o refri e a carteira. Já ia estendendo as mercadorias e o dinheiro, quando fui interrompido com uma mão no meu peito.

"Aí, tu não, xará. Tu é parceiro. Ofereceu comida".

É isso aí gente. Desde que voltei para o Rio de Janeiro, sempre ando com comida no bolso e saio oferecendo no ônibus. Chiclete, amendoim, chololate, qualquer coisa vale. É questão de segurança. Mãe sabe o que diz...

sábado, 10 de julho de 2010

Jorginho, um cara esperto

Jorginho era um cara esperto. Morava na zona norte, flamenguista, peladeiro. Não era de dar bobeira. Beirando os seus 20 anos, já havia ingressado na faculdade de ciências sociais. Desde criança ja tendia pelas áreas humanas, e na escola, odiava e matava as aulas de Física.
Em pouco tempo de faculdade, por todo seu jeito falastrão e descolado, ele já havia feito uma boa quantidade de amigos, e costumava dormir alguns dias na casa de um deles, em Santa Tereza. Alex morava com o irmão, sete anos mais novo, em um conjugado de no máximo 15 m2, com um recuo chamado de "cozinha" e um outro de "banheiro". A vista pelo menos era bonita e apontava para o cristo redentor e o morro da coroa.
Num desses dias, Jorginho e Alex subiram juntos para Santa. Como a grana era curta, costumavam subir a pé, mas nesse dia decidiram ir de bonde. Qualquer centavo de economia era fundamental para garantir a cerveja do fim de semana, e por isso, subiram de bonde pendurados na lateral (maneira perpicaz e “permitida” utilizada por muitos moradores para não pagar a passagem).
Alex já havia feito isso outras vezes, sabia das armadilhas dessa manobra e, por isso, logo orientou o amigo, informando que para aqueles que sobem pendurados o motorneiro não pára o bonde para que eles possam descer (seria muito abuso, não acha?). Jorginho deveria ficar ligado para descer ao primeiro sinal que o amigo fizesse, seguindo o movimento dele.
Já próximo da casa de Alex, decidiram descer na esquina anterior, onde ficava uma mercearia, para comprar alguns apetrechos a fim de fazer um rango mais tarde.
O bonde vinha em movimento razoavelmente lento, e logo Alex deu o sinal e pulou agilmente pela lateral do bonde, impulsionando o corpo para a frente a fim de manter o movimento e equilíbrio na descida. Jorginho não teve a mesma sorte e habilidade. Ainda carregando a sua inseparável mochila, primeiro exitou no momento da descida, já que o bonde começou a acelerar. Em seguida pulou, já na calçada da padaria, onde pelo menos uma dezena de pessoas faziam e esperavam pelos seus pedidos. Sem a experiência de Alex, não deu impulso suficiente ao corpo e saltou para tentar aterrisar e cair parado. Obviamente, a velocidade que o corpo estava o jogou para frente, anunciando um plástico estabaco. Já sentindo que a vaca ia pro brejo, quando menos esperavam, Jorginho encaixou um rolamento improvável, alá Aurélio Miguel. Apenas com esse movimento, ele conseguiu passar por toda a extensão da calçada, com mochila e tudo, e foi parar, em pé, direto na bancada da padaria.
Ainda sem respirar e sem pensar duas vezes, pediu:
- Uma lata de salsicha e meia dúzia de ovos, por favor.
A senhora que estava ao lado, e viu toda a cena, perplexa, não se aguentou:
- Você é do circo meu filho?
Definitivamente, as aulas de Física fizeram falta a Jorginho. Mas Jorginho ... é um cara esperto.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Trauma na loja de departamento

Ele era tão frequentemente flagrado em situações constrangedoras que seu apelido era Joselito. Certo dia, 'Lito' e sua mãe foram ao shopping. Era aniversário dele de 22 anos, e a mãe queria fazer uns agradinhos, afinal não aguentava mais ver o filho só andando com a mesma calça largona e caída, com metade da cueca aparecendo.

Estavam numa loja de departamento, a mãe catando presentes em potencial para o querido Lito. Enquanto isso, o rapaz encontrava um passatempo mais divertido: observar pelas frestinhas as moças experimentando roupas nas cabines.

Joselito ficou espiando com discrição até identificar uma morena peituda e gostosa sem sutiã na cabine 5. Foi involuntário, mas junto com o dono, o pequeno grande Joselitinho se animou também e ficou em pézinho, de olho na morena. De forma completamente inesperada, a mãe de Joselito chegou justamente nesse momento, na altura da cabine 5, acompanhada da vendedora da loja e alguns modelos de cinto, para ver se finalmente dava um jeito naquela calça. Ela estava empolgadíssima com seu achado na loja.

- Filho! Olha que lindo esse cinto que achei, deixa ver aqui rapidinho como fica...
- NÂO mãe, calma aí!

Era tarde demais. Foi tudo muito rápido. O que se sabe é que nem a vendedora nem a mãe poderiam esperar ver uma cabecinha para fora da cueca no meio da loja de departamento, às 5 horas da tarde de uma quarta-feira. È que elas não contavam com o fato de que tudo pode acontecer com o Joselito... um trauma para os três.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Só com homem másculo...

Estava me programando para ir a um Congresso de Comunicação em Minas Gerais. Comunicólogos do Brasil inteiro estariam reunidos em BH para uma série de palestras e encontros sobre a formação universitária. Já tinha me inscrito e arrumava as malas, quando o telefone de casa tocou:
- Aloammm
(Imediatamente pensei: pronto, lá vem a porcaria do Marquinhos me passando trote. PS: Marquinhos é um amigo que costuma me ligar semanalmente fazendo voz de viado).
- Aloam - respondi, bem anasalada.
- Eu estoa ligandom para confirmar sua presençam no congresso de comunicaçãommm.
- Olhamm, eu até confirmoa. Mas quero avisar uma coisam: só vou se tiver muito homem másculo comigoa.
- Como assiam? - retrucou o homem.
- É isso mesmom. Só vou com muito homem masculoa...
- Olham, menina, deve haver algum enganoa... é Marcos, da UFF, querendo saber se você vai no congressoa de comunicaçãom em Minas Gerais.
(cacete! pensei imediatamente)
- Desculpa, meu senhor, achei que era um amigo. Não precisa ter homem másculo não, vou com qualquer tipo de homem comigo. Quer dizer, não preciso de homem. Melhor, até preciso, mas não nessa viagem, né. Eu vou a trabalho...
(silêncio constrangedor)
Já em BH, quando finalmente conheci a bib, digo, o Marcos, fui me apresentar e me desculpar. Bem na hora do comprimento, um pacote de absorvente caiu da minha bolsa.
- Ém, mas você está a trabalhoam, não tem problemam né? - sacaneou ele.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Esse lance de aparência...

Donato já caminhava pelas ruas sem rumo. Altas madrugadas, passagens em vários bares e aquele básico zero a zero. Com a noite praticamente perdida, decidiu encerrar os trabalhos daquela sexta-feira num bar onde costumava bater ponto. De repente, se viu jogando sinuca com uma mulher, sem saber como aquilo havia começado. Bonita, a menina não apresentava muita desenvoltura diante do bilhar. Não tinha qualquer importância para Donato. Queria mesmo era se arrumar. Trocaram algumas palavras enquanto jogavam até que veio o convite da jovem:
– Tá rolando uma festa na casa de uns amigos. Ta a fim de chegar lá, é aqui perto?
- Pô, vamos sim. Ta caído isso aqui com a situação – respondeu Donato, cada vez mais entusiasmado com a situação
- A gente só precisa levar umas cervejas.
Donato e a menina deixaram o bar em direção à festa. Dali, os dois caminharam um bom pedaço até um posto de gasolina para comprar umas latinhas e, então, seguir para a casa dos amigos da moça.
– Eu quero um engradado de Heineken, por favor – pediu Donato.
– E um maço de cigarro pra mim – acrescentou a mulher, sem cerimônia.
Donato gastou as únicas 50 pratas que tinha no bolso para pagar a conta no posto de gasolina. Não tava nem aí. Achava que já estava no lucro com o fim de festa promissor. Até chegarem à prometida festa, foram mais alguns minutos de caminhada. O papo no trajeto agradava cada vez mais a Donato. Havia achado a mulher gostosa, bonita e, descobrira que também era interessante. Só não sabia o que lhe esperava.
Entraram no edifício dos amigos dela e subiram até o apartamento. Assim que a porta do elevador abriu, Donato começa a escutar uma violenta discussão de um casal. O som da briga ia aumentando na medida em que caminhavam em direção ao apartamento dos amigos da mulher. Ao chegar na porta, escancarada, Donato se depara com a cena de um imóvel sem qualquer sinal de festa e um casal discutindo cada vez mais violentamente. Briga que foi momentaneamente interrompida pela jovem que o acompanhava.
– Calma, gente! Vocês querem conversar, vamos lá para o quarto – sugeriu a menina, seguindo com os amigos.
Donato, sem saber o que fazer, senta num dos sofás do apartamento. Uma hora depois, surge a mulher.
– Pô, acho melhor você ir embora, sabe.
– Mas não vai rolar nada! Eu tô a fim de ficar contigo – respondeu Donato, sem acreditar no que acontecia.
– Sabe o que é, eu me ligo nesse lance de aparência – explicou a mulher, já seguindo com Donato para o elevador.
Já dentro do elevador e ainda sem acreditar no que havia escutado, Donato tenta a última cartada.
– Mas você não me achou bonito?­
– Me desculpa – disse a menina, laconicamente e já apertando o botão para o elevador descer.
Enquanto a porta se fechava, Donato só via a imagem da menina, com aquela cara de que apenas lamentava a situação.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Por trás de todo casco...

tem um esqueleto... (ou não).
Na busca pelo novo layout do blog, encontramos algumas possibilidades interessantes.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arremesso: o crime do OVO

Você consegue responder a questão do OVO de colombo? Você come ovos constantemente, de capoeira, brancos ou vermelhos? Ovos, ovos, ovos. Um ovo, um único ovo será responsável pelo meu primeiro processo em uma vara criminal. Estou enquadrada na Lei Nº 3 . 688, de 3 de outubro de 1941, a Lei das Contravenções, "categoria" - pasmem - "ARREMESSO" sancionada pelo nosso querido Getúlio Vargas, que 14 anos depois estourou o peito no palácio do Catete. Bem feito pra ele que se matou por remorso, culpa ele tinha, já eu, sou inocente.

O ovo em si
Há dois anos nos mudamos para um apartamento no 4º andar de um condomínio em Vila Isabel que fica ao lado do 11º batalhão de bombeiros. E, fora os ruídos normais produzidos pelos bombeiros, - sirenes e, eventualmente, o toque da Alvorada - a convivência entre nós sempre foi tranquila. No início do mês de maio, chegaram novos recrutas no quartel. Todos os dias, eles são treinados à moda arcaica do militarismo brasileiro: gritos, exercícios fora de moda e, com a chegada de um novo Sargento, o Simão - estou modificando para preservar o nome do sujeito (NOT) - passaram a massacrar o Hino da Bandeira e o Nacional todas as manhãs, antes das sete, antes da lei do silêncio, da lei do bom senso. Que seja. Acontece que no último dia dois, às 6h30, a coisa ficou pior...Eis que o Sargento Pimpão obrigava os recrutas a castigarem a letra do Hino da Bandeira, composição do parnasiano mais chato - como se todos os parnasianos não fossem chatos-, Olavo Bilac. Quando acordei e fui até a janela que estava - note bem - fechada devido ao frio da noite, Valentina, minha filha de nove anos, também despertou com o barulho e às 6h45 estávamos de rosto colado à janela fechada - note bem novamente - sonolentas. Costumo acordar por essa hora mas, nesse dia até que estava feliz da vida por ver Olavo Bilac se ferrar nas vozes horrendas dos recrutas do Sargento Jordão. De repente, não mais que de repente - sempre quis escrever isso - um objeto branco cai e se espatifa no meio do pátio, interrompendo o sofrimento do finado Bilac e iniciando o meu.
- Valentina o que foi aquilo?
- Um ovo mãe, jogaram um ovo nos bombeiros e eles tão olhando pra gente.
- Fica aí Valentina, não se mova. Se a gente se abaixar ou qualquer coisa, podem achar que fomos nós. Fique aí porque a gente não deve nada.

O Sargento
E continuamos na janela - FECHADA. Vi o Sargento Melão apontando para nós, e em seguida sair correndo para nosso prédio. Contei 1,2,3,5 minutos e o Sargento Sifão estava tocando meu interfone, deixei subir. Dois minutos lá estava ele na minha porta.
Vou resumir os 20 minutos de diálogo que tivemos.
- Bom dia senhora. Dois bombeiros viram que um ovo foi atirado daqui.
- Impossível. Eu estava com a minha filha e a janela estava fechada. Mas realmente, não daria para o senhor iniciar os trabalhos cívicos lás pelas sete? Conforme a lei do silêncio determina? Afinal, cantar o hino não é algo emergencial como um chamado de incêndio.
Ele ficou puto, o Sargento Durão. E conforme eu esperava, veio com aquela ladainha que, honestamente, é a única coisa que resta a uma instituição como a dele. Cujos salários são parcos e com a reputação abalada após denúncias de bombeiros envolvidos em atividades de milícia - segundo o relatório das milícias do deutado estadual Marcelo Freixo, um em cada quatro bombeiros está ligado à milícia.
- Sou militar senhora. E quero os seus documentos.
Peguei a minha carteira de trabalho, minha identidade ficou na casa do meu namorado em São Paulo.
- A senhora não tem identidade funcional aí?
- A carteira de trabalho não funciona?
Ficou com ódio.
- Sabe, desse jeito vou acreditar que o ovo partiu mesmo daqui. Eu vou chamar os dois bombeiros que viram, e a senhora se explica, ok?
- O senhor acredita no que quiser, sargento. Eu sou jornalista, não entendo de leis, mas tenho perfeita noção de que o senhor nao pode me acusar assim. Agora não vou encontrar com ninguém, porque tenho uma criança para arrumar para escola e tenho que ir trabalhar.
- Eu vou chamar a polícia.
- Fique à vontade.
E assim, o sargento Bufão foi embora pocesso, prometendo chamar a polícia e tudo. Eu me vesti, fumei um cigarro, tomei um café e tentei pensar nas consequências. Esse bombeiro tá muito puto, porque o ovo foi um aviso de que o treinamento dele é totalmente mequetrefe, pensei.

Polícia
Dois dias depois, está lá na caixa de correio uma intmação para Camilla Lopes, comparecer na hora x, dia tal, na DP de Vila Isabel - a mesma DP que investiga o assassinato do inocente que foi morto por uma furadeira no Andaraí - a fim de prestar esclarecimentos ao investigador Antônio Gomez devido a uma acusação feita pelo sargento Juares da Silva Mandão. O crime que "cometi" é "arremesso" previsto na Lei das Contravenções.
Agora imagine.
No Talavera Bruce, alguém me entrevistando;
- Mas você está aqui por que?
- Ah, arremesso.
Ok, lá fui eu. O investigador Antônio Gomez era tipo um "Brad Pitt". Brad Pitt pediu que eu sentasse.
- O que hove Camilla?
Desfiei o rosário da treta com o Sargento, do ovo que eu vi cair do alto da minha janela fechada, da minha filha que estava ao meu lado e que poderia dizer que fui eu.
- Bem, Camilla, sua filha tem um laço de parentesco com você e só tem nove anos. Além disso, dois bombeiros afirmam que viram uma mulher de cabelos pretos na janela. E o Sargento Tufão disse no depoimento dele que você afirmou ser jornalista e que "conhecia pessoas".
Aí eu me irritei.
- Isso é mentira e eu gostaria que constasse no meu depoimento, por favor Inspetor Brad Pitt. Eu disse a ele que era jornalista assim como ele disse ser sargento do corpo de bombeiros. E as testemunhas dele não deixam de ser subordinados dele. Cada um na sua profissão. Mas inspetor, o que vai acontecer comigo? Eu não taquei o ovo.
- Vai chegar na sua casa uma intimação para comparecer a uma audiência de conciliação no juizado criminal. Vou imprimir o seu depoimento.
Quando ele imprimiu eu li "abriu" escrito como o mês outonal "abril". É, Brad Pitt, pensei, nem tudo é perfeito. Assinei o troço, tirando o "Abril" despedaçado do verbo "abrir", o resto estava correto.

O resto
Ainda não recebi a intimação para ir a audiência. Mas algumas conclusões já tenho: O sergento Durão mentiu. Minha janela estava fechada. Minha filha estava comigo. Não jogaria um ovo nos caras. Não menti. Vou até o fim negando e falando a verdade. Não tenho medo. Olavo Bilac ferrou meu dia. Getúlio também. Os dois estão mortos. Os dois eram chatos. E eu, bem eu continuo por aí.
Mas...
Quem será que tacou o ovo na ladainha do Bilac?

sábado, 12 de junho de 2010

As Colegiais Selvagens

Carlinhos andava na seca, naquele desespero. Havia deixado um relacionamento de cinco anos há pouco mais de dois meses. Aos 32 anos, começava a retomar a vida de solteiro, mas estava sem sorte nas investidas sexuais. Depois de anos com Laura, aquela trepada garantida, parecia que havia perdido o timing, mesmo quando estava ali, cara a cara com o gol. Sempre falhava. Já estava ficando perturbado com a situação. Enquanto isso, a mão direita ficava cada dia mais calejada. A imaginação já nem funcionava mais. Nem mesmo a gostosona do escritório inspirava.

Certa noite, já em casa, de volta de mais uma night perdida, Carlinhos não se aguentava. Precisava aliviar toda a tensão, mas já não tinha mais saco para as solitárias viagens eróticas. Decidiu, então, comprar um filme de sacanagem pela TV a cabo. Foi ao menu pornográfico da operadora, escolheu a opção na medida do seu desespero e ligou.

– Alô, eu queria comprar um filme no canal 285, para meia-noite.
– As Colegiais selvagens, meu senhor? É isso mesmo?
– É minha senhora, é esse mesmo.
– Tem certeza?
– Tenho – respondeu, já impaciente.
– Muito bem. Um minuto, por favor. Pronto, compra efetuada, senhor.
– Obrigado – desligou Carlinhos, ansioso para o espetáculo começar.

Faltavam 15 minutos para meia-noite, mas Carlinhos já quase não suportava mais a espera. Olhava o celular a cada minuto para conferir a hora, congelada àquela altura. Cinco minutos para a festa começar e o homem, deitado na cama diante da TV, já começava o aquecimento. Meia-noite, o cotrole numa das mãos e uma euforia contagiante. Na tela da TV, nada. Apenas o aviso da operadora de que um outro filme já havia começado. Mais dois minutos e nada. Carlinhos, totalmente aquecido, se desesperou. Pegou o celular e ligou novamente para operadora.

– Alô, eu comprei um filme no canal 285 que estava marcado para começar meia-noite, mas não entrou nada ainda.
– As Colegiais selvagens, meu senhor?
– É, porra! É esse mesmo!
– Calma, senhor. Aqui no meu guia, o filme está previsto para começar 1h.
– Como assim, como assim – repetia Carlinhos, quase explodindo. – Vocês confirmaram o filme para meia-noite.
– Infelizmente, senhor, o filme só começa uma hora.
– Como assim, minha senhora. Eu estou aqui, deitado na cama, só esperando essa porra desse filme começar. E você só me diz isso.
– Infelizmente, o senhor vai ter que esperar.
– Eu estou deitado na cama, você entendeu a situação?
– Infelizmente...

Carlinhos encerrou a ligação sem que a atendente pudesse falar mais qualquer coisa. Desolado, jogou o celular na cama, virou para o lado e dormiu. O filme ficou passando sozinho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vivaldo no ônibus, cuidado!

Estava eu, no ônibus 434, voltando da Lapa para casa no Grajaú, quando entrou um grupo de jovens mauricinhos. Eles embarcaram naquele ponto da Vila Mimosa, na Pça da Bandeira. Só que a viagem estava mais excitante para eles do que as atividades da Vila. Certamente, eles deviam estar esperando ansiosamente por dias o momento mágico de pegar aquele ônibus e curtir a sensação de ridicularizar todos os passageiros. Que onda! Uhuuul

Na primeira parada, entrou uma garota normalmente puta por estar indo trabalhar.

-Putz, parece o Vampeta de saia!!! - gritou um dos rapazes, que se chamava Vivaldo. - Olha só!!!! Ha! Ha! Ha! Ô coroa, tu tem maior cara de liquidificador queimado da Mitzubicha. Ih, olha o nerd de Cara de parachoque do 415.

Nesta última piadinha, uma senhora deixou cair a dentadura de tanto rir. E como tudo acontece comigo, ela estava do meu lado e eu tive que pegar no chão para ela. Toda babada.

Foi aí que o Vivaldo começou a me zuar. Começou a me chamar de cara disso, cara daquilo. Eu já ficando puto, cheio de sono e com fome, doido pra chegar em casa.

Logo, Vivaldo e seus amigos começaram a falar de mulher. Quem pegou quem, contando uns caôs de fantasias que realizaram com suas namoradinhas, aquelas que vemos em contos eróticos. Os caras não tiravam nem a vírgula. Mas eles contavam estas histórias gritando. O ônibus cheio de mulheres e eles nem aí.

Chegou a hora do Vivaldo descer do ônibus. Ele estava lá na frente com seus amigos e começou a se despedir.Quando começou a encaminhar-se para trás do ônibus, eu pensei: "Agora é a minha vez de sacanear este maluco". E gritei:

- Olha o tarado do ônibus! Vai descer o tarado do ônibus! Vai sarrar em geral. Cuidado!

Todo mundo começou a se inclinar para não encostar no Vivaldo. As mulheres com cara de mau para ele. Alguns homens até empurraram ele para não ficar se encoxando. Tinha uma menina linda que parecia o Romário se esquivando da bola na copa de 94 quando o Branco fez aquele de gol de falta contra a Holanda. Vivaldo ficou sem reação. Não sabia nem onde enfiar a cara. E o pior, quando ele desceu do Bus, tinha umas amigas na porta do prédio dele e o pessoal do ônibus começou a gritar: Tarado!!!! Pervertido!!!! Ninfomaníaco!!!! E eu, pra sacanear mais um pouquinho, gritei: -Tá usando calcinha!!!

Ele ficou tão puto que tentou jogar uma latinha de cerveja no ônibus, mas não conseguiu. Acho que da próxima vez vai pensar duas vezes antes de fazer farra no 434....

sábado, 5 de junho de 2010

Depilação mais do que cavada

A vida toda sempre raspei a dita cuja. Comecei a sair com um poeta cara-de-pau e dois dias depois de nós termos ido pela primeira vez ao motel, ele lançou rasgante:

- Po, posso te pedir um favor?
- Claro...
- Da próxima vez, vai peladinha...
- Ué, como assim? Você quer que eu já saia pelada de casa?
- Não... eu quero que você esteja sem pêlos... nenhum.

Ok, bem no estilo Olhos nos Olhos do nosso caro Chico: obedeci. Entrei num salão de depilação daquelas estilo Pelo Menos e pedi com segurança: "quero fazer Virilha. Cavada". Sim, porque, para quem raspou a vida inteira fazer virilha cavada é um passo muito ousado. Pedir logo virilha total seria suicídio.

- Ah, bom, aproveitando vou fazer sovaco e bigode.
- Er... você quer dizer axila e buço?
- (pensei) Não porra, é a buça que eu quero fazer, mas me calei. Certamente elas não fariam boceta e sim virilha. Sim, isso, axila e buço.

Dali a pouco veio me atender uma moça novinha, com luvas e máscara cirúrgica. "oi, pode ficar à vontade". Fui tirar a roupa. Pensei por alguns instantes: "por que será que não existem depiladores homens? Tem ginecologista homem, cabeleireiro homem... mas depilador não". Enfim. Ledo engano. Deitei.

Qual não foi meu espanto com os acontecimentos que vieram a seguir. Primeiro, por algum motivo, a mulher entendeu que a minha axila ficava no mamilo. Sim, porque, a todo momento enquanto depilava meu sov, digo, axila, ela segurava meus peitos, afastava meu sutiã e deixava tudo à mostra, enfim... estranhíssimo... mas relevei. Tem mulher que tem cabelo no peito, vai ver ela queria conferir. Mas, po, se eu tivesse e quisesse depilar, teria falado né?

Depois, o assédio total. Acabado o sofrimento da depilação cavada, ela sugere: "posso passar gelzinho?". Gelzinho? Puxa, ok, né, normal, pra não irritar e tal. Só que irritou. Ela tirou a luva e começou uma massagem pélvica pós depilante profundamente erótica. E subia, descia, prum lado, pro outro... e eu pensando: gente, isso não vai acabar nunca? QUE estranho.... fui embora.

Na segunda-feira, cheguei ao trabalho e perguntei para uma amiga.
- Vem cá, é normal nesses lugares tipo Pelo Menos, depois da virilha cavada, a mulher passar um gelzinho?
- É, po, geralmente ela joga e você espalha.
- Mas ela continua de luva né?
- Ah, claro, ela só joga, de luva... Por que?
- Nada não...

É... parece que não era só o poeta que gostava de uma peladinha... voltei para a gilete, que também corta dos dois lados, mas Pelo Menos é mais segura....

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um china no interior do estado


Eu estava passando um fim de semana na casa de um amigo numa aprazível cidadezinha do sul do Rio de Janeiro chamada Paty do Alferes. No domingo, era dia de jogo do Flamengo. Depois de um churrasco durante todo o sábado, decidimos acordar cedo e ir direto para ao bar da estação - único lugar que tinha tv a cabo disponível e onde os rubro-negros costumavam se encontrar - para assistirmos ao certame.

Bebemos muita cerveja e comemos porção de batata-feira com linguiça calabresa. De sobremesa, uma porção de salaminho. Perdemos a hora. Os pais do meu amigo já nos esperavam em casa para nos levar à igreja. Tivemos que nos arrumar correndo e saímos. Depois da missa, decidimos ir à uma boate na cidade vizinha, Miguel Pereira. Para ser mais exato, num distrito chamado Portela. Como qualquer noitada de domingo numa cidade de 20 mil habitantes, todos se conheciam e aquele era o único lugar que ficaria aberto depois da meia-noite. Mas meu amigo estava com fome e resolvemos, em comum acordo, parar num desses "chinas" para comer alguma coisa antes de entrarmos na XV (apelido do lugar onde aconteceria o "baile"). Comemos e partimos.


Senti, no exato momento que mastiguei o último pedaço do pastel de queijo, que não deveria ter feito aquilo. Aquela sensação cortante na região do abdome - resultado da mistura de cerveja, pastel, calabresa, salaminho e gordura de anteontem - me dizia que a noite não acabaria bem. Mas pensei: "Eu sou forte. É só pensar em outra coisa. Não posso acabar com a noite do camarada". Pedi, forçosamente, uma cerveja. Bebi meia lata e me veio, desta feita, a vontade de fazer o número um também. Não havia jeito, precisava ir ao banheiro. Procurei o da boate e só havia mictório, daqueles de metal presos na parede. Precisava sair.


Virei pro meu amigo e disse calmamente:

- Cara, vou vazar porque tô passando mal. Mas fica tranquilo que eu sei chegar na casa.
- Que isso cara!? Vou conitgo. Saímos.
- Tem algum táxi aqui?
- Ih rapaz, a essa hora? Impossível. Isso aqui é cidade do interior...
- E quanto tempo demora para passar ônibus?
- Não tem mais não. Só van agora. Mas, provavelmente, vamos ter que esperar ela encher para sair.
- (pensei): Tô fudido.


Comecei a suar frio. Cinco minutos se passaram e nada. Dez, quinze, vinte. Eu já não aguentava mais quando de repente vi uma luz no fim da rua, literalmente. Era uma placa da Brahma onde estava escrito "Bar do Marão". Era lá mesmo. Fui até lá e, entrando no bar, dei de cara com o Marão. Ele era um negão de uns dois metros de altura, careca e com uma enorme barba branca. Braço cheio de pulseiras e cordão de ouro. Camisa azul de botão aberta deixando a mostra o peitoral de quem um dia havia sido sarado.


- Boa noite. Posso usar seu banheiro. É uma situação de vida ou morte.


Ele, notando meu desespero, apenas balançou a cabeça positivamente. Sai correndo e quando vi o vaso, não sei como, já estava com as calças arriadas. Alívio. Mas daí vem a segunda parte do desespero: não tinha papel. Cueca? Eu teria que pegar um ônibus ainda e depois andar mais uns quinze minutos a pé até a casa do meu amigo. De calça jeans e sem cueca seria tortura. Meias? Tava muito frio. Resolvi então dar uma olhada na lixeira para ver se reaproveitava alguma coisa. Havia uma embalagem de absorvente, o que me fez pensar que alguém já havia passado um outro perrengue por ali. Usei.


Não foi aqueeeela limpeza mas daria pra controlar as coisas até em casa. Relaxado, fui lavar as mãos e qual não foi minha surpresa quando vi até sabonete. Pra quem frequenta boteco sabe que isso é a coisa mais rara do mundo! Mas quando abri a torneira, veio a terceira situação deseperadora. A pia estava com refluxo e jogou para cima toda a água que estava dentro do vaso sanitário. Quando a coisa se assemelhou a um chafariz, só tive tempo de me esquivar como um azougue antes que o jato que saiu do ralo da pia caísse sobre mim. Fração de segundos mesmo. Consegui fechar a torneira, mas o estrago já estava feito. Sai do banheiro com a maior calma do mundo, olhei bem para o Marão e disse:


- Quanto que é para usar o banheiro?
- Não é nada não, senhor - falou Marão com uma voz de trovão.


Eu estiquei a mão para cumprimentá-lo e larguei 20 reais na mão dele. Olhando bem dentro de seus olhos, disse com pureza d'alma:


- É melhor o senhor aceitar porque a situação lá dentro tá feia...


E sai do bar para nunca mais voltar àquela boate e nem mais a nenhum china na minha vida.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O doce de abacaxi

Foi lá no Engenho de Dentro, próximo ao Engenhão...

Numa bela tarde de domingo, Fernando já não aguentava mais de vontade de aliviar seus impulsos sexuais adolescentes, há semanas contidos por causa da marcação cerrada da mãe. Dona Selma andava desconfiada de algumas atitudes de seu filho, sempre nervoso, passando tempo demais no chuveiro, com uns barulhos estranhos.... Dona Selma tinha medo de que ele estivesse envolvido com drogas e vivia de olho no moleque, sem dar espaço para Nando descascar uma banana sequer...

Nesta tarde, finalmente, Selma avisou a seu filho que iria ao mercado com seu pai e que demoraria a chegar. Louco de emoção, assim que seus pais sairam, Nando foi até o armário, abriu a porta e no meio de suas cuecas estava seu DVD preferido: Festa na casa da Gorette 4.
O filme era tão ruim que só obteve uma venda em todo Brasil. Também, a Gorette tinha 90 cm de braço. Mas tinha sua sensualidade...

Assistindo o DVD, ele abaixou a bermuda e de repente, uma determinada parte do lençol começou a levitar. Levitou so um pouquinho, uns 6 cm, não era muito grande não. E o rapaz se empolgou. Foi uma descascação de banana tão intensa que um braço ficou mais forte que o outro.

Quase no finalmente, ele percebeu que seus pais estavam chegando. Assim, torturou mais ainda o seu amigo para a coisa acontecer mais rápido.
E conseguiu. Mas foi sêmen pra tudo que era lado, o muleque chegou a ficar magrinho.
Pegou sua própria toalha e começou a limpar o quarto todo. Aliás, quase todo, pois ele deixou um vestígio na cabeceira ao lado da cama.

Quando sua mãe abriu a porta do quarto, estava o rapaz, tranquilão, deitado vendo o Programa a Casa é Sua, como se nada tivesse acontecido.

Sua mãe vê o vestígio de semêm na cabeceira e pergunta ao filho o que era aquilo. Ele, rapidamente, lembrou que sua mãe tinha feito um bolo com cobertura de abacaxi e disse que estava comendo o bolo e deixou cair um pingo do caldo do abacaxi.

- Hummm tá - exclamou dona Selma, passando o dedo no sêmen, que logo depois foi parar na sua boca.

- Ih, ficou meio azedinho ....

Que abacaxi, hein, Nando....? Mas fala pra ela: quem procura acha, mãe... eca!

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Incidente no motel

Reza a lenda urbana carioca que Maria comprou uma lingerie nova e fez aquela depilação cavada especial para a noite. Era a terceira vez que ela saía com Emerson, um advogado bem-sucedido morador do Leblon, 30 anos, solteiro, porém louco para arrumar um compromisso, cansado dessa vida louca de pegação. Emerson era além de tudo muito boa pinta e educado. Maria estava ansiosa para a noite em que ela mostraria que além de inteligente, bonita, charmosa e sensível, ela era extremamente boa de cama! Perfeita para casar!

Um jantarzinho no japonês regado a caipisaquês, sorrisos, mãos se encostando sem querer na mesa. O clima estava formado. No carro, o convite: que tal esticarmos a noite? Maria fez charme, como toda boa moça recatada e polida, mas aceitou. Eles foram para um motel cinco estrelas na zona sul, cujo nome o tartaturga prefere não divulgar.

O sexo foi ótimo, realmente. Mas Maria estava tão nervosa que depois do prazer, veio aquela vontade incontrolável de ir ao banheiro - fazer o número 2. Negócio de cocô mesmo, na portinha. Ela disfarçou, deu um risinho e foi la pro trono! Por sorte, havia porta no toalete! Maria mandou aquele barro encorpado. Digno de muito sushi, saquê, depilação, nervoso, excitação, tudo junto! A saga já estava quase no fim não fosse um detalhe com o qual Maria não contava: a descarga estava quebrada! Foram várias tentativas e o amigo não descia de jeito nenhum! Nem por milagre! E o cheiro começava a se espalhar...

Maria não teve outra alternativa. Foi na raça mesmo! Pegou o boludo na mão e tacou pela janela do banheiro. Lavou a mão bem lavada e saiu num suspiro leve, plainando no quarto até a cama, onde Emerson esperava cochilando de cansaço.

Tudo continuou um sonho, apesar do contratempo. Os dois deram mais uma, foi uma delícia, conversaram, trocaram carinhos. ótimo, era hora de ir embora.

O casal de pombinhos desceu de mãos dadas até o carro, que esperava na garagem. Quando chegaram no veículo de Emerson, a surpresa: o vidro estava marrom, com um belo de um morenão espatifado e espalhado por todos os lados. Emerson ficou indignado! Que porcaria de espelunca era aquela? Que infeliz tinha entrado ali e feito aquela nojeira fedida enquanto o romance comia solto lá em cima?

Na gerência, a resposta:

"Senhor, lamento muito. Mas a única abertura para a garagem é a porta por onde o senhor passou, que estava trancada por dentro. Mas... há um detalhe.... a janela do banheiro do quarto fica bem em cima da vaga...."

É... não foi dessa vez que Emerson saiu da vida de galinhagem...

terça-feira, 11 de maio de 2010

Só na diplomacia...

Havia chegado a Washington pouco menos de um mês depois dos atentados de 11 de setembro. A cidade ainda tentava desfazer-se do clima de medo, pessoas retomando, aos poucos, a normalidade da vida. Desembarquei na capital americana, escolhido para representar a equipe que conquistou o prêmio da Sociedade Interamericana de Imprensa pela produção de um caderno especial sobre impunidade.
A viagem começara temerosa. Ainda no Galeão, aeronave pousada, uma imensa mulher, que mal cabia na poltrona, senta-se ao meu lado. Tremi, confesso. Passei, imediatamente, a imaginar como seria minha viagem até Miami, onde faria escala. A jovem, após sentar-se, com toda dificuldade do mundo, olha pra mim e sorri. Eu, com a indisfarçável cara de muito puto da vida, sorrio também.
– Não se preocupa não. Elas (as aeromoças) sempre me transferem para a classe executiva – disse a menina, sorrindo. Ainda com a mesma cara de pouquíssimos amigos, sorri de novo. Antes mesmo de o avião decolar, alívio.
Em Miami, o aeroporto estava tomado pelas tropas americanas. Um clima pesado. Na imigração, um policial me fuzilou com os olhos ao constatar minha nacionalidade. Na conexão para Washington, uma revista rigorosa me fez tirar até os sapatos. País de merda, pensava eu. Cansado, partir para meu destino final.
Já em Washington, seguia para o JW Marriott, onde acontecia o congresso anual da SIP. Dentro do táxi, aproveitei para iniciar minha apuração sobre o clima que a cidade vivia nas primeiras semanas pós 11 de setembro.
– Are you afraid because anthrax – perguntei ao motorista, num inglês muito ruim. A resposta, para minha surpresa, foi não. Conversa que segue, a descoberta que sou brasileiro e, na sequência, a tradicional frase Pelé!! Pelé!! Me calei. Não tinha mais nada a dizer aquele analfabeto. Desci, puto, em frente ao Marriott.
Os dias seguiam, aquela coisa meio morna, até que numa visita ao parque industrial do Washington Post, me deparo, ainda no ônibus, com os olhos de Maria José – ou Rossé, como pronunciava num péssimo espanhol. Costa-riquenha de curvas muito generosas, cabelos morenos, uma boca apetitosa – é o que consigo lembrar, Maria José sorriu ao reencontrar meu olhar. Em pouco tempo, já estávamos caminhando juntos durante a visita ao Post. Na volta, sentamos, conversamos e combinamos ir juntos à premiação, que seria naquela noite.
E aquela noite seria inesquecível. Depois da festa, fomos a um bar. Eu, ela, alguns amigos dela e um grupo de brasileiros. Bebemos, mas tivemos que deixar cedo o lugar. Dali, decidimos caminhar até o hotel pelas ruas desertas da capital. Não era longe. Enquanto andávamos, nossas mãos se esbarravam carinhosamente. Não demorou, já nos atracávamos nas ruas de Washington. Eu de terno e ela, num vestidinho sensacional. Claro, um tesão incontrolável nos devorou.
Já na calçada lateral do Marriott, fizemos dos imensos arbustos, em imensos vasos, nosso palco. Beijos molhados, uma excitação incontrolável e a calcinha por baixo do vestido já puxada para o lado. Os movimentos acompanhavam a adrenalina de estar em plena rua, em outro país. Foi aí que um carro da polícia parou na esquina. Imediatamente, nos recompomos. O policial, do carro, nos olhou e decidiu ir embora. Voltamos ao prazer incontrolável, mais excitados ainda. Seguíamos a sacanagem, quando novamente um carro da polícia para na esquina. Um policial desce, anda alguns metros, mas nos vê conversando calmamente. Diante da ameaça, decidimos encerrar a conversa. Beijos molhados e a inesquecível frase de Maria Rossé.
– Faltou um poquito, faltou um poquito!
Até hoje eu não sei se faltou um pouco para ela gozar ou para criarmos um incidente diplomático.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O estrondo na viagem


Excursão com a família, que momento feliz! O local não era tão atraente (São Paulo), mas vai lá, tem umas praias bacanas no litoral. Na sua poltrona do ônibus, a pequena Catarina no auge de seus 15 anos ouvia animada a saudação da guia Leila ao microfone! Aquele momento descontração em que a guia brinca com os carecas, tira sarro dos casais apaixonados, pede para todo mundo se apresentar, o pessoal bate palma, é só alegria!

Algumas horas de viagem e a pequena Catarina realmente sentia um aperto. Não, não era angústia. Era apenas vontade de urinar mesmo. Ela se dirigiu ao pequeno banheiro no fundo do ônibus com aquele sorrisinho boca murcha de velho querendo socializar com os companheiros de passeio.

Calças arriadas, joelhos flexionados, o alívio começava. Mas na verdade era só aquela máxima da calmaria antes da tempestade... Foi numa curva dessas da estrada de Santos (onde não só o Roberto Carlos pisa mais fundo, mas o motorista do busão também) que um estrondo irrompeu o silêncio das famílias se preparando para um cochilo.

Todos olharam para trás. Catarina estava lá. Estendida no piso, calças arriadas, porta do banheiro aberto. O sorriso murcho ficou laranja, porque amarelo já estava o piso. Catarina correu para dentro do banheiro de volta. De tão agitada, fechou a porta do banheiro no dedão maior da mão direita. Tragédia pouca nunca é bobagem...

Com o dedo roxo e a cara vermelha, Catarina tentou em vão fechar a calça jeans. O jeito foi sair dali com a calça aberta e a cara também, o dedão pra cima, latejando de dor. No ônibus, a compreensão. Todos responderam com o dedo o sinal de "ok" ou "joia" dado pela jovem, que na verdade só não estava mesmo é conseguindo abaixar o dedão. Mas vai lá.. férias, né, o pessoal tá zen "tudo bem, cat, caiu peladona, foi maneiro po".

O fim da viagem foi bem agradável: a mãe fechando a calça da jovem Catarina; o dedo enfiado num pote de gelo e a guia com a piada pronta para até a volta para o Rio! Delícia! Nada como uma viagem em família mesmo...




quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma patricinha perigosa



Robertinha era a típica piriquita (nome em niteroiês para patricinha). Ficava contrariada diariamente em ter que pegar um ônibus lotado e atravessar a poça para ir do trabalho para casa. Num dia de notícias ruins no jornal, Robertinha entrou no busão com suas roupitchas Espaço Fashion, sua bolsa Victor Hugo e o óculos Ray Ban, quando uma colega, conhecida nossa, chegou sem dar nenhum aviso prévio. NEURA, aquela amiga desagradável para a qual não há remédios do tipo NEUSA... Robertinha cismou, eu quero dizer, ficou obcecada com a ideia de que naquele dia seria um alvo fácil, estava escrito nas estrelas que era realmente o seu DIA de ser assaltada.... e que absurdo! que azar! que destino miserável! viver numa cidade na qual você está sujeita a este tipo de risco o tempo todo, você, um trabalhador, uma pessoa digna... que raiva!

No meio do pensamento neurótico, eis que entra no ônibus um negão 2 metros de altura e cara de mau, e para ao lado de Robertinha, ambos em pé no coletivo. A profecia começava a se cumprir. Robertinha olhou de lado, tremeu a boca, rezou o Pai Nosso. Em fração de segundos, dito e feito. Olhou para o braço direito, o que estava encostado ao do negão, e o seu relógio Rolex havia sumido. Pronto! Aconteceu! Era fato que aconteceria! Filho da puta! Entra aqui, para do lado e rouba assim na cara de pau. O medo de Robertinha foi aos poucos se transformando num ódio por aquela criatura covarde do seu lado, pela sociedade, pelo sistema, pelo Rio de Janeiro. Mas não! Ela se recusava a ser uma vítima. Não seria uma refém! Não, não, não! Não ela! Não ia ser a sua vez, era hora de uma atitude! Roberta sussurra no canto da boca, sem olhar para o lado:

"Olha aqui, eu sei de tudo. Coloca agora esse relógio na minha bolsa, ouviu? AGORA! Você não tem ideia do que eu sou capaz"

Ouve-se a sirene. O negão sai imediatamente no próximo ponto. Roberta checa a bolsa. Um relógio preto estilo camelô havia aparecido ao lado da sua necessaire. No cotovelo, caído, esperava tranquilamente seu relógio, que como bom rolex, tinha rolado no braço com uma freiada...

Quem diria... o dia realmente era de azar... para o negão, assaltado por uma piriquita insana no ônibus, de volta do trabalho!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O resgate do vizinho

Entrei cambaleante em casa, depois de uma noite regada a cuba-libre e risadas com o ruivo barbudinho. Foi quase simultâneo: acendi a luz e comecei a ouvir vozes - “quediabéisso?”, indaguei-me, já que sou a única moradora de um achado imobiliário na Rua Paissandu. Era o vizinho, não de andar, mas do prédio do outro lado da rua, que gritava e gesticulava energicamente.

- Estou há hooooooras preso aqui, a porta do quarto travou. Grito, grito e ninguém parece me ouvir.

- Calma, não se preocupe que eu já desço e aviso ao seu porteiro. Peguei o Rubinho (apelido do meu elevador) para tentar resgatar o vizinho desesperado. Eis que:

- Sim, senhora, já me falaram que ele está gritando e está preso. Mas eu já cansei de tocar a campanhia e interfonar e ele não atende de jeito nenhum!

- Querido, que eu saiba ele não tem uma extensão do interfone da cozinha no quarto e, uma vez, preso, como ele vai abrir a porta? – expliquei o óbvio ao porteiro, tentanto engolir uma gargalhada que teimava em sair.

- ....

- Então, que tal arrombar a porta?

- Dona, eu não vou abrir a porta sem a autorização. A senhora não o conhece, é um criador de caso. Vai acabar sobrando pra mim. Só falando com ele e com testemunha do lado!

O jeito foi levar o porteiro, a síndica e uma vizinha curiosa até meu apartamento para que o criador de caso (?) explicasse, aos berros, que podiam arrancar a porta, escalar a janela, fazer um furo na maçaneta, o que fosse necessário para que o tirassem daquele quarto maldito. Prometeu também que se mudaria assim que possível, não queria morar num prédio com um bando de malucos. Ele nunca se mudou, mas foi salvo pelos bombeiros meia hora depois da confusão, assisti de camarote. Eu ganhei alguns pontinhos com a minha consciência, mas muitos outros com o vizinho, que me agradeceu com um pote de sorvete e até hoje me sorri através da janela do quarto na Paissandu.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cão assassino

O nome do labrador era Zeus. Companheiro e bonzinho como todo o cão da raça. O dono, um advogado chamado Roberto, morria de amores pelo animalzinho de estimação. Os dois moravam num condomínio de casas na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e eram a verdadeira imagem do ditado popular "O cachorro é o melhor amigo do homem".

Zeus era bem relacionado na vizinhança e costumava passear duas vezes ao dia, isso sem contar as escapulidas que dava pulando o muro baixo da casa. Volta e meia Roberto era acordado de madrugada pelos vigias do condomínio, que iam devolver o cão fujão. Todo sujo, Zeus olhava com aquela cara de pobre coitado e amolecia o coração do dono, que achava graça nas aventuras do melhor amigo e era incapaz de dar bronca no bichano.

Em uma noite dessas, Roberto deu falta de Zeus e foi atrás dele pelos arredores. Qual não foi sua surpresa quando avistou seu amigável cão com o poodle do vizinho na boca e MORTO!

Roberto não conseguia digerir a cena: como Zeus poderia ter tido tamanha maldade? Aquele poodle era chato mesmo, como todos os poodles, mas seu cachorro não tinha o perfil assassino.
O pânico deu lugar a pensamentos frios e calculistas e Roberto se viu no chuveiro de casa dando banho no cadáver. Com todo o cuidado necessário para não deixar nenhum rastro, largou a vítima lentamente no gramado do vizinho e foi dormir.

As noites seguintes foram difíceis para o advogado, que olhava desconfiado para Zeus. O animal continuava sua vida normal, sem apresentar qualquer sinal de culpa pelo crime cometido.
A amizade já não era a mesma, quando em um lindo dia de sol Roberto saía para dar sua caminhada matinal e encontrou o vizinho - dono do poodle morto por seu cachorro assassino.

O vizinho parou para cumprimentá-lo e Roberto respondeu monossilábico para que o diálogo não se estendesse. Porém, como que num desabafo, o vizinho soltou:

- Pois é Roberto, não sei se você ficou sabendo, mas nosso cãozinho morreu.

- É, fiquei sabendo. Que pena...

- É, mas ele já estava velhinho... Nós sabíamos que logo isso aconteceria. O estranho foi o que aconteceu depois.

- Depois?

- É... Ele teve uma parada cardíaca e nós o enterramos no jardim dos fundos. No dia seguinte, ele apareceu todo limpinho e cheirosinho na frente da nossa casa...

sábado, 24 de abril de 2010

Que alivio!


Viagem de férias para uma cidade do litoral do Rio de Janeiro. Que diversão. Garotada toda junta, casa enorme, festinha na cidade, praia. Essas viagens eram sempre sensacionais. Eu devia ter uns 13 anos e já curtia essas coisas.

A casa era do pai de um amigo, que, volta e meia, convidava todo pessoal da rua para passar uns dias por lá. Ela devia ter uns 6 quartos, 2 suítes, alguns banheiros e um quintal bem grande. Em um dos dias, fomos passear pela cidade. Todos juntos. Inclusive a tia e o pai do meu amigo, dono da casa. Já estávamos no caminho de volta, andando pelas ruas de terra batida da cidade, quando de repente, sem esperar, começou a bater uma vontade de ir ao banheiro. Cagar, vamos dizer assim. Por algum momento, achei de fato que daria tempo de chegar em casa tranquilamente. Engano meu. Como a vontade só aumentava, decidi apertar o passo e ir na frente. Dei alguma desculpa esdruxula para os outros, e tomei rumo.

Como era o terceiro dia, eu já sabia o caminho de volta. Então comecei a correr. Cruzei uma, duas ruas, e a distancia parecia ter aumentado naquele dia. A merda estava anunciada, literalmente. Já beliscava a cueca, quando logo avistei a casa. Corri ainda mais rápido e entrei como uma flecha pelo portão, partindo para a porta principal. Foi quando meu mundo veio abaixo. A porta estava trancada e ninguém atendia. Claro que perguntei antes se tinha alguém em casa, e disseram que sim. Mas essas coisas só acontecem quando a gente mais precisa. Não tinha jeito, tinha que liberar o material, e logo!

Não pensei duas vezes, caminhei ligeiro para o jardim da casa, e, entre a grade do jardim e um arbusto, larguei ali mesmo. E olha que saiu saindo. Neste instante, fui tomado de um alívio da porra e, ao mesmo tempo, de um desespero de saber que não podia deixar vestigios por ali. Não tinha como! Até porque nem cachorro tinha na casa pra botar a culpa.

Dei uma circulada pelo local pra pensar em como desovar o elemento. Quando, por uma clara tacada de Murphy, achei um banheiro que ficava fora da casa, do lado de trás, com a porta aberta. Não acreditava no que acabava de ver. Mas de qualquer forma, era a solução para o problema que já havia sido criado. Voltei ao local do crime, avaliei o tamanho do "problema", e procurei algumas folhas de plantas que estavam no chão. Catei algumas de mangueira, juntei-as em cima da mão, criando um tipo de luva. Peguei e rapidamente levei até o banheiro de trás (aqui vale lembrar um ponto positivo: ele estava consistente). Joguei na privada, dei descarga, um tchauzinho, e claro, lavei bastante as mãos.

Como em um golpe de sorte, voltei para frente de casa, e todos estavam chegando naquele exato momento. Cumprimentei-lhes como se nada tivesse acontecido, e continuei a curtir aqueles dias de férias. Bem mais aliviado.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reencontro

Clara tinha a boca bem definida, carnuda na medida certa, daquelas que o sujeito olha com gula. Mas não beijava bem. Quase maldade. Havia conhecido Clara numa festa de amigos. Era gostosinha. Ficamos na vontade aquela noite, mas dias depois já estávamos nos falando e acertando o primeiro encontro. A vontade de beijá-la era proporcional à perfeição dos lábios. A conversa já me irritava até que aproximei o corpo da menina ao meu. Pronto: veio a decepção, dolorosa. Bem, eu já estava na pista mesmo. A noite rendeu um segundo encontro, aquela foda certa. Era só ligar. Esqueci de ligar. Esqueci a foda. Esqueci de dar aquela metida. Isso mesmo! Clara sumiu por alguns vários meses, numa atitude que só me restava aceitar.

Mas destino é foda (quando você não esquece de ligar). Reencontrei Clara num desses botecos do Leblon. Enquanto conversávamos, lembrava, ao mesmo tempo, do quanto beijava mal e o quanto merecia minhas sinceras desculpas. No dia seguinte, num boteco na Praia do Flamengo, estávamos juntos outra vez. O papo fluía ao som de vários chopes e algumas cachaças. O tesão só aumentava. Clara mascava um trident de melancia, em movimentos com aquela gostosa boca que me lembrava Linda Lovelace. Fomos para o meu carro, estacionado a alguns metros de uma cabine da PM e em frente a um consulado que não me recordo o país. Ali, vidros completamente transparentes, a sacanagem foi digna. Clara, em pouco tempo, já revelava um apetite voraz. O boquete era certo. E foi sensacional.

Na manhã seguinte, acordo em casa. Aquela vontade de ir ao banheiro e a memória bem debilitada. Levanto a coberta, abaixo o short para dar aquela conferida e vejo algo estranho grudado nos pentelhos. Dou mais uma olhada e descubro: era o trident de melancia, coadjuvante esquecido do sensacional boquete de Clara.

domingo, 18 de abril de 2010

O Blog


O cenário: Quatro amigos conversam num churrasquinho despretencioso regado a carne de porco meio fora da validade (leia-se estragada) e cervejinhas bem geladas. Uma piscina ao fundo, um DVD do Los Hermanos tocando... (no pequeno grupo, alguns fanáticos e outros que odeiam os barbudos, como sempre...). De repente, o ambiente de lazer e descontração vira uma terapia de grupo. Traumas infantis vêm à tona. Não se sabe se foi o porco ou a cerveja, mas a conversa ficou séria mesmo. Cada um pede a vez ansiosamente para falar, quando de repente todos param para ouvir...
O Relato: "Era verão. Tinha na minha casa duas pequenas tartarugas e uma cadela chamada Punk. Estava encantada com as filhotinhas, que eu tinha acabado de ganhar. Punk ainda não havia tomado conhecimento dos novos amiguinhos. Estávamos tentando esperar o momento certo da apresentação, quando o portal do quintal foi esquecido aberto. Um relapso fatal. Quando cheguei na casinha das bichinhas para brincar, reparei que algo estava errado: as tartarugas estavam sem casco! Aquela linda história dos seres evoluídos que levam a casa nas costas, vivem longamente e são super zen tinha se resumido a uma espécie de minhoca nojenta. E, vale destacar: sem casco!"
A consequência: Todos tentaram ficar sérios e se compadecer da dor da pobre Cristine. Mas não deu. O relato pareceu abrir as portas para uma série de histórias hilárias de situações embaraçosas, quase tão constrangedoras quanto ser uma tartaruga e de repente ficar sem casco, sem chão, sem identidade. Aí veio a ideia: por que não juntar essas histórias tragi-cômicas num blog?
A proposta: Aí está ele! E você está sendo apresentado logo de cara para evitar riscos... e mais: convidado a participar! Mande seu mico, sua história bizarra, seu relato curioso! Vamos tomar umas, comer carne (não precisa ser podre) e rir um pouco disso tudo!