sábado, 12 de junho de 2010

As Colegiais Selvagens

Carlinhos andava na seca, naquele desespero. Havia deixado um relacionamento de cinco anos há pouco mais de dois meses. Aos 32 anos, começava a retomar a vida de solteiro, mas estava sem sorte nas investidas sexuais. Depois de anos com Laura, aquela trepada garantida, parecia que havia perdido o timing, mesmo quando estava ali, cara a cara com o gol. Sempre falhava. Já estava ficando perturbado com a situação. Enquanto isso, a mão direita ficava cada dia mais calejada. A imaginação já nem funcionava mais. Nem mesmo a gostosona do escritório inspirava.

Certa noite, já em casa, de volta de mais uma night perdida, Carlinhos não se aguentava. Precisava aliviar toda a tensão, mas já não tinha mais saco para as solitárias viagens eróticas. Decidiu, então, comprar um filme de sacanagem pela TV a cabo. Foi ao menu pornográfico da operadora, escolheu a opção na medida do seu desespero e ligou.

– Alô, eu queria comprar um filme no canal 285, para meia-noite.
– As Colegiais selvagens, meu senhor? É isso mesmo?
– É minha senhora, é esse mesmo.
– Tem certeza?
– Tenho – respondeu, já impaciente.
– Muito bem. Um minuto, por favor. Pronto, compra efetuada, senhor.
– Obrigado – desligou Carlinhos, ansioso para o espetáculo começar.

Faltavam 15 minutos para meia-noite, mas Carlinhos já quase não suportava mais a espera. Olhava o celular a cada minuto para conferir a hora, congelada àquela altura. Cinco minutos para a festa começar e o homem, deitado na cama diante da TV, já começava o aquecimento. Meia-noite, o cotrole numa das mãos e uma euforia contagiante. Na tela da TV, nada. Apenas o aviso da operadora de que um outro filme já havia começado. Mais dois minutos e nada. Carlinhos, totalmente aquecido, se desesperou. Pegou o celular e ligou novamente para operadora.

– Alô, eu comprei um filme no canal 285 que estava marcado para começar meia-noite, mas não entrou nada ainda.
– As Colegiais selvagens, meu senhor?
– É, porra! É esse mesmo!
– Calma, senhor. Aqui no meu guia, o filme está previsto para começar 1h.
– Como assim, como assim – repetia Carlinhos, quase explodindo. – Vocês confirmaram o filme para meia-noite.
– Infelizmente, senhor, o filme só começa uma hora.
– Como assim, minha senhora. Eu estou aqui, deitado na cama, só esperando essa porra desse filme começar. E você só me diz isso.
– Infelizmente, o senhor vai ter que esperar.
– Eu estou deitado na cama, você entendeu a situação?
– Infelizmente...

Carlinhos encerrou a ligação sem que a atendente pudesse falar mais qualquer coisa. Desolado, jogou o celular na cama, virou para o lado e dormiu. O filme ficou passando sozinho.

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