sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Quanto tempo não te vejo...

Ia rolar uma festa bombadona de uma grande multinacional só para jornalistas convidados. Tudo liberado: bebida, comida, show, entrada... Fiquei na fissura! Os dias passaram e eu não recebi nenhum convite. Liguei na cara de pau e a resposta: "desculpa, querida, mas já tá lotado". Vários amigos se arrumando pra ir, aquela invejinha... Graças ao Bom Deus, lembrei de repente que um amigo ia se apresentar lá. Liguei na hora pra ele! "Ih, tá tranquilo! Chega lá e diz que é Clarissa Leme. Ela vinha comigo, mas desistiu. Não tem erro!".

Fiquei na dúvida, mas decidi arriscar. Saí do trabalho de carona com o meu chefe com o ** na mão, morrendo de medo de ser barrada na porta e passar uma vergonha ridícula na frente dele e de todos os coleguinhas da imprensa. Mas fui mesmo assim. Cheguei na porta, confiante. "Qual o seu nome, por favor?" "Clarissa Leme". Sem piscar. "Ok, pode entrar."

Que alívio! Estava realizada! Um peso enorme acabara de sair das costas. Logo na entrada encontro um rosto conhecido. "Opa, João, quanto tempo!" "E aí, nunca mais nos vimos!".

"Pois é... Nossa, você não sabe a merda que me aconteceu para eu entrar nessa porra aqui! Tive que fazer o maior esquemão, fingir que era outra pessoa, dar nome errado. Essa festa é uma esculhambação, né? Mal organizada pra cacete! Qualquer um chega e fala que é fulano e entra. Sem falar que os assessores são megagrosseiros, dizendo que tá lotado. Mas, enfim, entrei nessa merda..."

"humm..."

" E aí, João! Continua chefiando a comunicação daquela empresa farmacêutica?"

"Não, não... Agora sou chefe da comunicação da empresa multinacional responsável por essa festa"

ê lelê....

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jotinha - EDIÇÃO EXTRA

Peço licença aos leitores e ao humor para prestar uma homenagem ao querido JORNAL DO BRASIL, que uniu os criadores desse blog...

"Vocês...
Vocês, vou dizer a verdade...
Vocês não têm idade
Vocês passaram e ficarão para sempre
Vocês são gente
Como eu, ela, todos nós
Foram vocês que nos deram voz
Em momentos de fria dolorosa escuridão
Vocês nos deram a mão
Enquanto eu jamais escreveria
Vocês foram a paz para a nossa agonia
Nos deram riso, alegria, denúncia, a bonança
Vocês foram a incerteza boa da constância
Vocês nunca irão, assim como nunca vieram
Foram vocês que nos disseram:
Meu bem, há esperança
Com vocês, nunca deixarei de ser criança
E almejar o triunfo da imprensa escrita
Vocês foram mais que jornal, mais que revista
Jornais do Brasil,
Não nos percam de vista!
(Cris Gerk)

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Ela é muito espirituosa....

Estava saindo do jornal tarde da noite quando recebi uma ligação no celular. Era um antigo colega de trabalho me chamando para o lançamento de um livro de um amigo dele. Pensei: ah, não tenho nada pra fazer, vou dar um pulo lá...

Desviei o meu caminho e entrei na sala onde estava havendo a recepção. Quando entrei, logo notei que só havia quatro pessoas no salão: meu colega, um velho, o escritor e o Paulo Betti. Entrei com naturalidade e logo fui apresentada ao ator como se pertencesse à roda de literatos fluminense. Me senti em casa.

Quando dei por mim, estávamos indo para um restaurante à convite do global: eu, o velho, meu colega e Paulo. Sentamos. Uma roda de assuntos começou animada. Em poucos minutos, começou uma sessão de anedotas. Aquelas célebres histórias de Joãozinho, portugueses, argentinos animando a galera. Pensei: não posso ficar de fora.

Lancei: "Nossa, e outro dia que dois gays estavam num vôo e um deles queria comer o cu do outro?". Todo mundo silenciou. Continuei: "Po, um virou para o outro e falou: 'to querendo te comer aqui, agora'. Aí o outro respondeu: 'mas aqui? Todo mundo vai ver!' 'Que nada! Tá todo mundo dormindo!'. Aí para provar o ponto, ele perguntou em voz alta para todo o avião: 'Aí, alguém tem um lenço aí? Um lenço?'. Como ninguém respondeu e seu ponto tava provado, os dois se comeram a noite toda no banco do avião. Um tempo depois, a aeromoça estava andando pelo corredor quando viu um velhinho tremendo. 'Senhor, o que há?'. 'É que estou com muito frio!', respondeu o senhorzinho. 'Mas por que não pediu um cobertor?'. 'Poxa, um homem ali pediu um lenço e comeram o cú dele pra caramba, imagina se eu pedisse um cobertor?'".

Terminei a piada do século com expectativa, aquele sorrisão aberto e os olhos arregalados à espera da aprovação da plateia. Paulo, o escritor, o velho e meu colega olharam pra mim em silêncio e soltaram um sorrisinho amarelo. O velho foi quem quebrou o gelo: "Ela é mesmo muito espirituosa". Sou eu...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sr. Fábio e a professorinha

Eu tinha quinze anos e estudava em um tradicional colégio da Zona Su do Rio. Costumava me envolver com pessoas estranhas no colégio. Nessa época, minha melhor amiga era Bruna, a filha do diretor. E como uma boa filha revoltada, Bruna costumava fazer o pai passar vergonha. Tinha duas manias: cheirar acetona na aula (nunca senti onda, mas ela jura que sentia) e beber vodka, levada dentro de uma garrafa de guaraná, durante o recreio.
Comecei a frequentar a casa de Bruna e pude conhecer mais de perto, além do diretor, o coordenador do Colégio, grande amigo da família. O Sr. Fábio era um homem por volta de seus 40 anos muito bem apessoado. Forte mesmo. Tinha braços enormes e uma cor morena que chamava a atenção das mães enfileiradas na porta do colégio. Era casado e a esposa era professorinha do maternal. Minha convivência com o diretor e coordenador fez com que uma relação de amizade se criasse. Ao ponto de, durante uma semana em que estive com a perna quebrada, fosse levada no colo por aquele homenzarrão até o último andar da escola, onde ficava minha sala. Todos olhavam no colégio. E eu me achava o máximo por tamanha mordomia vinda do coordenador bonitão.
Na segunda-feira, depois de tirar o gesso, pretendia ir até a sala da coordenação agradecer. Porém, quando cheguei no pátio, pairava um burburinho entre os alunos. Ao me aproximar, vi na mão de um deles uma foto: Sr. Fábio Nú! E não, não era um nú artístico em prol da cultura ou educação! Era um nú pornográfico! Aliás, o primeiro que vi tão de perto na vida.
O coordenador de um dos colégios mais respeitados da Zona Sul do Rio tinha sido pego em um site de prostituição por um aluno! Meu Deus! Foi um choque. Nunca mais ele apareceu. Segundo informações do pai de Bruna, foi trabalhar no interior do Rio, onde a história ainda não tinha chegado. Alguns juram que já assistiram por aí filmes pornôs do Sr. Fábio com a professorinha!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Flagra no banheiro

Fábio e Carla tinham uma vida sexual ativa. Jovens, recém-casados, mandavam ver todos os dias, sem cerimônia. Mas para não fugir à regra, havia um descompasso. Carla odiava dar aquelazinha pela manhã. Não tinha conversa. Ao contrário, Carlos acordava quase todos os dias excitado, pronto para iniciar os trabalhos logo nas primeiras horas da manhã. E, inevitavelmente, acabavam discutindo quando conversavam sobre o assunto.
Mas não tinha jeito. Na cama, era só Fábio, já naquele clima, encostar na mulher que a casa caía. E o resto do dia, se perdia. Certa manhã, o jovem acordou quase enlouquecido. Aquela vontade incontrolável, a cueca já furando. Olhou para o lado, observou quase salivando aquelas curvas perfeitas de Carla, cobertas por uma camisola transparente, pensou e desistiu da ideia. Não tinha mais paciência para as brigas. Levantou-se calmamente, sem fazer barulho, e foi para o banheiro.
Sentado na privada, Fábio descascava com vontade. Sem pena. De repente, a porta do banheiro se abre. Carla, diante da cena do marido descabelando o palhaço, não conseguia acreditar no que via.

- Que merda é essa Fabinho?!! Isso é ridículo demais - desabafou a mulher.

Completamente constrangido, já praticamente brochado, Fábio soltou a pérola.

- Amor, eu juro que estava pensando em você. Eu juro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Lambança na esquina de casa

Estava saindo de casa e virei a rua distraída, ao som do meu iPod. A duas quadras do meu prédio, fui sugada do meu mundinho paralelo pela imagem de um mendigo maltrapilha, que perambulava cambaleante pela calçada. "Coitado...", pensei.

Jung foi mestre quando definiu o inconsciente coletivo. O mendigo certamente percebeu minha cara e meu olhar piedosos e não tardou em fazer uma abordagem:

"Moça, uma esmolinha, por favor"

Pensei: puta merda. É fato que tinha sentido pena e tal, mas não tava disposta a abrir a bolsa, tirar a carteira e dar um dinheiro aquele homem ali, naquela hora... Mesmo assim, meu coração estava tomado de sentimentos puros. Olhei bem nos olhos deles com toda a doçura do meu ser e respondi:

"Desculpa, moço, não tenho"...

Depois desse momento, tudo fluiu muito rapidamente. Foi quase um piscar de olhos. Quando me dei conta de mim, ele estava estendendo a mão na minha direção. No auge da ingenuidade, pensei: "ele quer me cumprimentar". Estendi a mão pra ele também. Ele segurou gentilmente minha mão, e foi levando lentamente em direção à boca, olhando fixo para o meu rosto com uma expressão de "te quero nega". De novo pensei: "Tadinho, ele só quer dar um beijo na minha mão". Ai, santa...

De um momento pro outro, ele começou a lamber sensualmente a minha mão toda. Eu fiquei sem reação. Puxei a mão rapidamente. Ele na expectativa do que eu faria a seguir e eu completamente disorientada, só consegui responder:

"Obrigada".

E saí.

Então, gente, se algum mendigo se sentir à vontade de lamber a sua mão na rua, podem me culpar... afinal, ele deve ter achado que eu adorei a lambidinha...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aí, irmão, vai um pedaço?

Sempre tive o hábito de oferecer tudo que comia. Foi coisa que minha mãe, lá do interior de Minas, me ensinou quando eu tinha nove anos. Ela dizia: "Já ofereceu balinha pros colegas? Deu biscoito pra sua irmã? Esse bife é para você e para a sua prima hein!". Aprendi.

Um dia fui de férias viajar pela Bahia. Tinha passado a manhã e a tarde inteiras na praia sem comer e estava morreeeeeendo de fome! Fiz umas comprinhas (presentes pra velha) e passei naquele MacDonald´s esperto. Pedi uma promoção de BigMac pra viagem e entrei no busão pra deixar as compras no hotel.

Sentei lá no fundo do coletivo e comecei a degustar satisfeito meu sanduba. Estava mastigando feliz quando percebi olhares desejosos no banco ao lado. Não sei era paranóia infantil, mas dois branquelos maltrapilhas, mal-encarados, olhavam fixamente para a minha cara, com expressão raivosa. Pensei: putz, tão com fome e cobiçando meu Mac... e eu nem ofereci, que horror. Isso não pode. Como bom filho, fiz o que mamãe sempre ensinou:

"Aí, irmão, vai um pedaço?", perguntei, na maior boa vontade desse grande Brasil.
"Po, valeu xará, quero não", respondeu um deles.

Sei que o gesto é meio esquisito, afinal quem iria aceitar morder o sanduíche de um estranho no ônibus? Mas infância é infância, né, cara, fica no inconsciente, é quase automático.

Dois minutos depois, entendi a cara raivosa dos sujeitos. Eles estavam se preparando para uma grande cena. Foram armados para a frente do ônibus e anunciaram: "Aí, rapaziada, é assalto. Vão passando tudo ou levam bala" (e não era a balinha que eu dava pros colegas). Eu, com um pedaço enorme de batata frita na boca, quase me engasguei. Eles foram passando por todos os bancos fazendo a limpa, enquanto eu me enrolava com o Catchup, as compras, o refri e a carteira. Já ia estendendo as mercadorias e o dinheiro, quando fui interrompido com uma mão no meu peito.

"Aí, tu não, xará. Tu é parceiro. Ofereceu comida".

É isso aí gente. Desde que voltei para o Rio de Janeiro, sempre ando com comida no bolso e saio oferecendo no ônibus. Chiclete, amendoim, chololate, qualquer coisa vale. É questão de segurança. Mãe sabe o que diz...