sexta-feira, 23 de abril de 2010

Reencontro

Clara tinha a boca bem definida, carnuda na medida certa, daquelas que o sujeito olha com gula. Mas não beijava bem. Quase maldade. Havia conhecido Clara numa festa de amigos. Era gostosinha. Ficamos na vontade aquela noite, mas dias depois já estávamos nos falando e acertando o primeiro encontro. A vontade de beijá-la era proporcional à perfeição dos lábios. A conversa já me irritava até que aproximei o corpo da menina ao meu. Pronto: veio a decepção, dolorosa. Bem, eu já estava na pista mesmo. A noite rendeu um segundo encontro, aquela foda certa. Era só ligar. Esqueci de ligar. Esqueci a foda. Esqueci de dar aquela metida. Isso mesmo! Clara sumiu por alguns vários meses, numa atitude que só me restava aceitar.

Mas destino é foda (quando você não esquece de ligar). Reencontrei Clara num desses botecos do Leblon. Enquanto conversávamos, lembrava, ao mesmo tempo, do quanto beijava mal e o quanto merecia minhas sinceras desculpas. No dia seguinte, num boteco na Praia do Flamengo, estávamos juntos outra vez. O papo fluía ao som de vários chopes e algumas cachaças. O tesão só aumentava. Clara mascava um trident de melancia, em movimentos com aquela gostosa boca que me lembrava Linda Lovelace. Fomos para o meu carro, estacionado a alguns metros de uma cabine da PM e em frente a um consulado que não me recordo o país. Ali, vidros completamente transparentes, a sacanagem foi digna. Clara, em pouco tempo, já revelava um apetite voraz. O boquete era certo. E foi sensacional.

Na manhã seguinte, acordo em casa. Aquela vontade de ir ao banheiro e a memória bem debilitada. Levanto a coberta, abaixo o short para dar aquela conferida e vejo algo estranho grudado nos pentelhos. Dou mais uma olhada e descubro: era o trident de melancia, coadjuvante esquecido do sensacional boquete de Clara.

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