segunda-feira, 26 de abril de 2010

Cão assassino

O nome do labrador era Zeus. Companheiro e bonzinho como todo o cão da raça. O dono, um advogado chamado Roberto, morria de amores pelo animalzinho de estimação. Os dois moravam num condomínio de casas na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, e eram a verdadeira imagem do ditado popular "O cachorro é o melhor amigo do homem".

Zeus era bem relacionado na vizinhança e costumava passear duas vezes ao dia, isso sem contar as escapulidas que dava pulando o muro baixo da casa. Volta e meia Roberto era acordado de madrugada pelos vigias do condomínio, que iam devolver o cão fujão. Todo sujo, Zeus olhava com aquela cara de pobre coitado e amolecia o coração do dono, que achava graça nas aventuras do melhor amigo e era incapaz de dar bronca no bichano.

Em uma noite dessas, Roberto deu falta de Zeus e foi atrás dele pelos arredores. Qual não foi sua surpresa quando avistou seu amigável cão com o poodle do vizinho na boca e MORTO!

Roberto não conseguia digerir a cena: como Zeus poderia ter tido tamanha maldade? Aquele poodle era chato mesmo, como todos os poodles, mas seu cachorro não tinha o perfil assassino.
O pânico deu lugar a pensamentos frios e calculistas e Roberto se viu no chuveiro de casa dando banho no cadáver. Com todo o cuidado necessário para não deixar nenhum rastro, largou a vítima lentamente no gramado do vizinho e foi dormir.

As noites seguintes foram difíceis para o advogado, que olhava desconfiado para Zeus. O animal continuava sua vida normal, sem apresentar qualquer sinal de culpa pelo crime cometido.
A amizade já não era a mesma, quando em um lindo dia de sol Roberto saía para dar sua caminhada matinal e encontrou o vizinho - dono do poodle morto por seu cachorro assassino.

O vizinho parou para cumprimentá-lo e Roberto respondeu monossilábico para que o diálogo não se estendesse. Porém, como que num desabafo, o vizinho soltou:

- Pois é Roberto, não sei se você ficou sabendo, mas nosso cãozinho morreu.

- É, fiquei sabendo. Que pena...

- É, mas ele já estava velhinho... Nós sabíamos que logo isso aconteceria. O estranho foi o que aconteceu depois.

- Depois?

- É... Ele teve uma parada cardíaca e nós o enterramos no jardim dos fundos. No dia seguinte, ele apareceu todo limpinho e cheirosinho na frente da nossa casa...

3 comentários:

  1. ahahhaha gente, tadinho do cachorro! Levou a culpa por tudo e na verdade ele só tinha achado o cadáver... pior é esse dono maquiavélico, dar banho no bichinho morto e entregar no quintal do vizinho como se não tivesse acontecido nada! rs estraaaaanho

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  2. Sensacional!!! A melhor das três até agora! Lembrei muito do meu pequeno Lion, um fila que tive quando criança. No auge de seus 3 meses de vida, me fez a alegria de cagar toda minha casa, depois que consegiu escapar de sua cerca. Meu desespero foi tanto na época, que eu só fiz chorar olhando cama, sofá, mesa, roupas, lençol, tapete tudo cagado pelo dog.

    Muito bacana a ideia do blog! parabéns! Abração!

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