quarta-feira, 28 de julho de 2010

Flagra no banheiro

Fábio e Carla tinham uma vida sexual ativa. Jovens, recém-casados, mandavam ver todos os dias, sem cerimônia. Mas para não fugir à regra, havia um descompasso. Carla odiava dar aquelazinha pela manhã. Não tinha conversa. Ao contrário, Carlos acordava quase todos os dias excitado, pronto para iniciar os trabalhos logo nas primeiras horas da manhã. E, inevitavelmente, acabavam discutindo quando conversavam sobre o assunto.
Mas não tinha jeito. Na cama, era só Fábio, já naquele clima, encostar na mulher que a casa caía. E o resto do dia, se perdia. Certa manhã, o jovem acordou quase enlouquecido. Aquela vontade incontrolável, a cueca já furando. Olhou para o lado, observou quase salivando aquelas curvas perfeitas de Carla, cobertas por uma camisola transparente, pensou e desistiu da ideia. Não tinha mais paciência para as brigas. Levantou-se calmamente, sem fazer barulho, e foi para o banheiro.
Sentado na privada, Fábio descascava com vontade. Sem pena. De repente, a porta do banheiro se abre. Carla, diante da cena do marido descabelando o palhaço, não conseguia acreditar no que via.

- Que merda é essa Fabinho?!! Isso é ridículo demais - desabafou a mulher.

Completamente constrangido, já praticamente brochado, Fábio soltou a pérola.

- Amor, eu juro que estava pensando em você. Eu juro.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Lambança na esquina de casa

Estava saindo de casa e virei a rua distraída, ao som do meu iPod. A duas quadras do meu prédio, fui sugada do meu mundinho paralelo pela imagem de um mendigo maltrapilha, que perambulava cambaleante pela calçada. "Coitado...", pensei.

Jung foi mestre quando definiu o inconsciente coletivo. O mendigo certamente percebeu minha cara e meu olhar piedosos e não tardou em fazer uma abordagem:

"Moça, uma esmolinha, por favor"

Pensei: puta merda. É fato que tinha sentido pena e tal, mas não tava disposta a abrir a bolsa, tirar a carteira e dar um dinheiro aquele homem ali, naquela hora... Mesmo assim, meu coração estava tomado de sentimentos puros. Olhei bem nos olhos deles com toda a doçura do meu ser e respondi:

"Desculpa, moço, não tenho"...

Depois desse momento, tudo fluiu muito rapidamente. Foi quase um piscar de olhos. Quando me dei conta de mim, ele estava estendendo a mão na minha direção. No auge da ingenuidade, pensei: "ele quer me cumprimentar". Estendi a mão pra ele também. Ele segurou gentilmente minha mão, e foi levando lentamente em direção à boca, olhando fixo para o meu rosto com uma expressão de "te quero nega". De novo pensei: "Tadinho, ele só quer dar um beijo na minha mão". Ai, santa...

De um momento pro outro, ele começou a lamber sensualmente a minha mão toda. Eu fiquei sem reação. Puxei a mão rapidamente. Ele na expectativa do que eu faria a seguir e eu completamente disorientada, só consegui responder:

"Obrigada".

E saí.

Então, gente, se algum mendigo se sentir à vontade de lamber a sua mão na rua, podem me culpar... afinal, ele deve ter achado que eu adorei a lambidinha...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Aí, irmão, vai um pedaço?

Sempre tive o hábito de oferecer tudo que comia. Foi coisa que minha mãe, lá do interior de Minas, me ensinou quando eu tinha nove anos. Ela dizia: "Já ofereceu balinha pros colegas? Deu biscoito pra sua irmã? Esse bife é para você e para a sua prima hein!". Aprendi.

Um dia fui de férias viajar pela Bahia. Tinha passado a manhã e a tarde inteiras na praia sem comer e estava morreeeeeendo de fome! Fiz umas comprinhas (presentes pra velha) e passei naquele MacDonald´s esperto. Pedi uma promoção de BigMac pra viagem e entrei no busão pra deixar as compras no hotel.

Sentei lá no fundo do coletivo e comecei a degustar satisfeito meu sanduba. Estava mastigando feliz quando percebi olhares desejosos no banco ao lado. Não sei era paranóia infantil, mas dois branquelos maltrapilhas, mal-encarados, olhavam fixamente para a minha cara, com expressão raivosa. Pensei: putz, tão com fome e cobiçando meu Mac... e eu nem ofereci, que horror. Isso não pode. Como bom filho, fiz o que mamãe sempre ensinou:

"Aí, irmão, vai um pedaço?", perguntei, na maior boa vontade desse grande Brasil.
"Po, valeu xará, quero não", respondeu um deles.

Sei que o gesto é meio esquisito, afinal quem iria aceitar morder o sanduíche de um estranho no ônibus? Mas infância é infância, né, cara, fica no inconsciente, é quase automático.

Dois minutos depois, entendi a cara raivosa dos sujeitos. Eles estavam se preparando para uma grande cena. Foram armados para a frente do ônibus e anunciaram: "Aí, rapaziada, é assalto. Vão passando tudo ou levam bala" (e não era a balinha que eu dava pros colegas). Eu, com um pedaço enorme de batata frita na boca, quase me engasguei. Eles foram passando por todos os bancos fazendo a limpa, enquanto eu me enrolava com o Catchup, as compras, o refri e a carteira. Já ia estendendo as mercadorias e o dinheiro, quando fui interrompido com uma mão no meu peito.

"Aí, tu não, xará. Tu é parceiro. Ofereceu comida".

É isso aí gente. Desde que voltei para o Rio de Janeiro, sempre ando com comida no bolso e saio oferecendo no ônibus. Chiclete, amendoim, chololate, qualquer coisa vale. É questão de segurança. Mãe sabe o que diz...

sábado, 10 de julho de 2010

Jorginho, um cara esperto

Jorginho era um cara esperto. Morava na zona norte, flamenguista, peladeiro. Não era de dar bobeira. Beirando os seus 20 anos, já havia ingressado na faculdade de ciências sociais. Desde criança ja tendia pelas áreas humanas, e na escola, odiava e matava as aulas de Física.
Em pouco tempo de faculdade, por todo seu jeito falastrão e descolado, ele já havia feito uma boa quantidade de amigos, e costumava dormir alguns dias na casa de um deles, em Santa Tereza. Alex morava com o irmão, sete anos mais novo, em um conjugado de no máximo 15 m2, com um recuo chamado de "cozinha" e um outro de "banheiro". A vista pelo menos era bonita e apontava para o cristo redentor e o morro da coroa.
Num desses dias, Jorginho e Alex subiram juntos para Santa. Como a grana era curta, costumavam subir a pé, mas nesse dia decidiram ir de bonde. Qualquer centavo de economia era fundamental para garantir a cerveja do fim de semana, e por isso, subiram de bonde pendurados na lateral (maneira perpicaz e “permitida” utilizada por muitos moradores para não pagar a passagem).
Alex já havia feito isso outras vezes, sabia das armadilhas dessa manobra e, por isso, logo orientou o amigo, informando que para aqueles que sobem pendurados o motorneiro não pára o bonde para que eles possam descer (seria muito abuso, não acha?). Jorginho deveria ficar ligado para descer ao primeiro sinal que o amigo fizesse, seguindo o movimento dele.
Já próximo da casa de Alex, decidiram descer na esquina anterior, onde ficava uma mercearia, para comprar alguns apetrechos a fim de fazer um rango mais tarde.
O bonde vinha em movimento razoavelmente lento, e logo Alex deu o sinal e pulou agilmente pela lateral do bonde, impulsionando o corpo para a frente a fim de manter o movimento e equilíbrio na descida. Jorginho não teve a mesma sorte e habilidade. Ainda carregando a sua inseparável mochila, primeiro exitou no momento da descida, já que o bonde começou a acelerar. Em seguida pulou, já na calçada da padaria, onde pelo menos uma dezena de pessoas faziam e esperavam pelos seus pedidos. Sem a experiência de Alex, não deu impulso suficiente ao corpo e saltou para tentar aterrisar e cair parado. Obviamente, a velocidade que o corpo estava o jogou para frente, anunciando um plástico estabaco. Já sentindo que a vaca ia pro brejo, quando menos esperavam, Jorginho encaixou um rolamento improvável, alá Aurélio Miguel. Apenas com esse movimento, ele conseguiu passar por toda a extensão da calçada, com mochila e tudo, e foi parar, em pé, direto na bancada da padaria.
Ainda sem respirar e sem pensar duas vezes, pediu:
- Uma lata de salsicha e meia dúzia de ovos, por favor.
A senhora que estava ao lado, e viu toda a cena, perplexa, não se aguentou:
- Você é do circo meu filho?
Definitivamente, as aulas de Física fizeram falta a Jorginho. Mas Jorginho ... é um cara esperto.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Trauma na loja de departamento

Ele era tão frequentemente flagrado em situações constrangedoras que seu apelido era Joselito. Certo dia, 'Lito' e sua mãe foram ao shopping. Era aniversário dele de 22 anos, e a mãe queria fazer uns agradinhos, afinal não aguentava mais ver o filho só andando com a mesma calça largona e caída, com metade da cueca aparecendo.

Estavam numa loja de departamento, a mãe catando presentes em potencial para o querido Lito. Enquanto isso, o rapaz encontrava um passatempo mais divertido: observar pelas frestinhas as moças experimentando roupas nas cabines.

Joselito ficou espiando com discrição até identificar uma morena peituda e gostosa sem sutiã na cabine 5. Foi involuntário, mas junto com o dono, o pequeno grande Joselitinho se animou também e ficou em pézinho, de olho na morena. De forma completamente inesperada, a mãe de Joselito chegou justamente nesse momento, na altura da cabine 5, acompanhada da vendedora da loja e alguns modelos de cinto, para ver se finalmente dava um jeito naquela calça. Ela estava empolgadíssima com seu achado na loja.

- Filho! Olha que lindo esse cinto que achei, deixa ver aqui rapidinho como fica...
- NÂO mãe, calma aí!

Era tarde demais. Foi tudo muito rápido. O que se sabe é que nem a vendedora nem a mãe poderiam esperar ver uma cabecinha para fora da cueca no meio da loja de departamento, às 5 horas da tarde de uma quarta-feira. È que elas não contavam com o fato de que tudo pode acontecer com o Joselito... um trauma para os três.