segunda-feira, 28 de junho de 2010

Só com homem másculo...

Estava me programando para ir a um Congresso de Comunicação em Minas Gerais. Comunicólogos do Brasil inteiro estariam reunidos em BH para uma série de palestras e encontros sobre a formação universitária. Já tinha me inscrito e arrumava as malas, quando o telefone de casa tocou:
- Aloammm
(Imediatamente pensei: pronto, lá vem a porcaria do Marquinhos me passando trote. PS: Marquinhos é um amigo que costuma me ligar semanalmente fazendo voz de viado).
- Aloam - respondi, bem anasalada.
- Eu estoa ligandom para confirmar sua presençam no congresso de comunicaçãommm.
- Olhamm, eu até confirmoa. Mas quero avisar uma coisam: só vou se tiver muito homem másculo comigoa.
- Como assiam? - retrucou o homem.
- É isso mesmom. Só vou com muito homem masculoa...
- Olham, menina, deve haver algum enganoa... é Marcos, da UFF, querendo saber se você vai no congressoa de comunicaçãom em Minas Gerais.
(cacete! pensei imediatamente)
- Desculpa, meu senhor, achei que era um amigo. Não precisa ter homem másculo não, vou com qualquer tipo de homem comigo. Quer dizer, não preciso de homem. Melhor, até preciso, mas não nessa viagem, né. Eu vou a trabalho...
(silêncio constrangedor)
Já em BH, quando finalmente conheci a bib, digo, o Marcos, fui me apresentar e me desculpar. Bem na hora do comprimento, um pacote de absorvente caiu da minha bolsa.
- Ém, mas você está a trabalhoam, não tem problemam né? - sacaneou ele.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Esse lance de aparência...

Donato já caminhava pelas ruas sem rumo. Altas madrugadas, passagens em vários bares e aquele básico zero a zero. Com a noite praticamente perdida, decidiu encerrar os trabalhos daquela sexta-feira num bar onde costumava bater ponto. De repente, se viu jogando sinuca com uma mulher, sem saber como aquilo havia começado. Bonita, a menina não apresentava muita desenvoltura diante do bilhar. Não tinha qualquer importância para Donato. Queria mesmo era se arrumar. Trocaram algumas palavras enquanto jogavam até que veio o convite da jovem:
– Tá rolando uma festa na casa de uns amigos. Ta a fim de chegar lá, é aqui perto?
- Pô, vamos sim. Ta caído isso aqui com a situação – respondeu Donato, cada vez mais entusiasmado com a situação
- A gente só precisa levar umas cervejas.
Donato e a menina deixaram o bar em direção à festa. Dali, os dois caminharam um bom pedaço até um posto de gasolina para comprar umas latinhas e, então, seguir para a casa dos amigos da moça.
– Eu quero um engradado de Heineken, por favor – pediu Donato.
– E um maço de cigarro pra mim – acrescentou a mulher, sem cerimônia.
Donato gastou as únicas 50 pratas que tinha no bolso para pagar a conta no posto de gasolina. Não tava nem aí. Achava que já estava no lucro com o fim de festa promissor. Até chegarem à prometida festa, foram mais alguns minutos de caminhada. O papo no trajeto agradava cada vez mais a Donato. Havia achado a mulher gostosa, bonita e, descobrira que também era interessante. Só não sabia o que lhe esperava.
Entraram no edifício dos amigos dela e subiram até o apartamento. Assim que a porta do elevador abriu, Donato começa a escutar uma violenta discussão de um casal. O som da briga ia aumentando na medida em que caminhavam em direção ao apartamento dos amigos da mulher. Ao chegar na porta, escancarada, Donato se depara com a cena de um imóvel sem qualquer sinal de festa e um casal discutindo cada vez mais violentamente. Briga que foi momentaneamente interrompida pela jovem que o acompanhava.
– Calma, gente! Vocês querem conversar, vamos lá para o quarto – sugeriu a menina, seguindo com os amigos.
Donato, sem saber o que fazer, senta num dos sofás do apartamento. Uma hora depois, surge a mulher.
– Pô, acho melhor você ir embora, sabe.
– Mas não vai rolar nada! Eu tô a fim de ficar contigo – respondeu Donato, sem acreditar no que acontecia.
– Sabe o que é, eu me ligo nesse lance de aparência – explicou a mulher, já seguindo com Donato para o elevador.
Já dentro do elevador e ainda sem acreditar no que havia escutado, Donato tenta a última cartada.
– Mas você não me achou bonito?­
– Me desculpa – disse a menina, laconicamente e já apertando o botão para o elevador descer.
Enquanto a porta se fechava, Donato só via a imagem da menina, com aquela cara de que apenas lamentava a situação.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Por trás de todo casco...

tem um esqueleto... (ou não).
Na busca pelo novo layout do blog, encontramos algumas possibilidades interessantes.



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Arremesso: o crime do OVO

Você consegue responder a questão do OVO de colombo? Você come ovos constantemente, de capoeira, brancos ou vermelhos? Ovos, ovos, ovos. Um ovo, um único ovo será responsável pelo meu primeiro processo em uma vara criminal. Estou enquadrada na Lei Nº 3 . 688, de 3 de outubro de 1941, a Lei das Contravenções, "categoria" - pasmem - "ARREMESSO" sancionada pelo nosso querido Getúlio Vargas, que 14 anos depois estourou o peito no palácio do Catete. Bem feito pra ele que se matou por remorso, culpa ele tinha, já eu, sou inocente.

O ovo em si
Há dois anos nos mudamos para um apartamento no 4º andar de um condomínio em Vila Isabel que fica ao lado do 11º batalhão de bombeiros. E, fora os ruídos normais produzidos pelos bombeiros, - sirenes e, eventualmente, o toque da Alvorada - a convivência entre nós sempre foi tranquila. No início do mês de maio, chegaram novos recrutas no quartel. Todos os dias, eles são treinados à moda arcaica do militarismo brasileiro: gritos, exercícios fora de moda e, com a chegada de um novo Sargento, o Simão - estou modificando para preservar o nome do sujeito (NOT) - passaram a massacrar o Hino da Bandeira e o Nacional todas as manhãs, antes das sete, antes da lei do silêncio, da lei do bom senso. Que seja. Acontece que no último dia dois, às 6h30, a coisa ficou pior...Eis que o Sargento Pimpão obrigava os recrutas a castigarem a letra do Hino da Bandeira, composição do parnasiano mais chato - como se todos os parnasianos não fossem chatos-, Olavo Bilac. Quando acordei e fui até a janela que estava - note bem - fechada devido ao frio da noite, Valentina, minha filha de nove anos, também despertou com o barulho e às 6h45 estávamos de rosto colado à janela fechada - note bem novamente - sonolentas. Costumo acordar por essa hora mas, nesse dia até que estava feliz da vida por ver Olavo Bilac se ferrar nas vozes horrendas dos recrutas do Sargento Jordão. De repente, não mais que de repente - sempre quis escrever isso - um objeto branco cai e se espatifa no meio do pátio, interrompendo o sofrimento do finado Bilac e iniciando o meu.
- Valentina o que foi aquilo?
- Um ovo mãe, jogaram um ovo nos bombeiros e eles tão olhando pra gente.
- Fica aí Valentina, não se mova. Se a gente se abaixar ou qualquer coisa, podem achar que fomos nós. Fique aí porque a gente não deve nada.

O Sargento
E continuamos na janela - FECHADA. Vi o Sargento Melão apontando para nós, e em seguida sair correndo para nosso prédio. Contei 1,2,3,5 minutos e o Sargento Sifão estava tocando meu interfone, deixei subir. Dois minutos lá estava ele na minha porta.
Vou resumir os 20 minutos de diálogo que tivemos.
- Bom dia senhora. Dois bombeiros viram que um ovo foi atirado daqui.
- Impossível. Eu estava com a minha filha e a janela estava fechada. Mas realmente, não daria para o senhor iniciar os trabalhos cívicos lás pelas sete? Conforme a lei do silêncio determina? Afinal, cantar o hino não é algo emergencial como um chamado de incêndio.
Ele ficou puto, o Sargento Durão. E conforme eu esperava, veio com aquela ladainha que, honestamente, é a única coisa que resta a uma instituição como a dele. Cujos salários são parcos e com a reputação abalada após denúncias de bombeiros envolvidos em atividades de milícia - segundo o relatório das milícias do deutado estadual Marcelo Freixo, um em cada quatro bombeiros está ligado à milícia.
- Sou militar senhora. E quero os seus documentos.
Peguei a minha carteira de trabalho, minha identidade ficou na casa do meu namorado em São Paulo.
- A senhora não tem identidade funcional aí?
- A carteira de trabalho não funciona?
Ficou com ódio.
- Sabe, desse jeito vou acreditar que o ovo partiu mesmo daqui. Eu vou chamar os dois bombeiros que viram, e a senhora se explica, ok?
- O senhor acredita no que quiser, sargento. Eu sou jornalista, não entendo de leis, mas tenho perfeita noção de que o senhor nao pode me acusar assim. Agora não vou encontrar com ninguém, porque tenho uma criança para arrumar para escola e tenho que ir trabalhar.
- Eu vou chamar a polícia.
- Fique à vontade.
E assim, o sargento Bufão foi embora pocesso, prometendo chamar a polícia e tudo. Eu me vesti, fumei um cigarro, tomei um café e tentei pensar nas consequências. Esse bombeiro tá muito puto, porque o ovo foi um aviso de que o treinamento dele é totalmente mequetrefe, pensei.

Polícia
Dois dias depois, está lá na caixa de correio uma intmação para Camilla Lopes, comparecer na hora x, dia tal, na DP de Vila Isabel - a mesma DP que investiga o assassinato do inocente que foi morto por uma furadeira no Andaraí - a fim de prestar esclarecimentos ao investigador Antônio Gomez devido a uma acusação feita pelo sargento Juares da Silva Mandão. O crime que "cometi" é "arremesso" previsto na Lei das Contravenções.
Agora imagine.
No Talavera Bruce, alguém me entrevistando;
- Mas você está aqui por que?
- Ah, arremesso.
Ok, lá fui eu. O investigador Antônio Gomez era tipo um "Brad Pitt". Brad Pitt pediu que eu sentasse.
- O que hove Camilla?
Desfiei o rosário da treta com o Sargento, do ovo que eu vi cair do alto da minha janela fechada, da minha filha que estava ao meu lado e que poderia dizer que fui eu.
- Bem, Camilla, sua filha tem um laço de parentesco com você e só tem nove anos. Além disso, dois bombeiros afirmam que viram uma mulher de cabelos pretos na janela. E o Sargento Tufão disse no depoimento dele que você afirmou ser jornalista e que "conhecia pessoas".
Aí eu me irritei.
- Isso é mentira e eu gostaria que constasse no meu depoimento, por favor Inspetor Brad Pitt. Eu disse a ele que era jornalista assim como ele disse ser sargento do corpo de bombeiros. E as testemunhas dele não deixam de ser subordinados dele. Cada um na sua profissão. Mas inspetor, o que vai acontecer comigo? Eu não taquei o ovo.
- Vai chegar na sua casa uma intimação para comparecer a uma audiência de conciliação no juizado criminal. Vou imprimir o seu depoimento.
Quando ele imprimiu eu li "abriu" escrito como o mês outonal "abril". É, Brad Pitt, pensei, nem tudo é perfeito. Assinei o troço, tirando o "Abril" despedaçado do verbo "abrir", o resto estava correto.

O resto
Ainda não recebi a intimação para ir a audiência. Mas algumas conclusões já tenho: O sergento Durão mentiu. Minha janela estava fechada. Minha filha estava comigo. Não jogaria um ovo nos caras. Não menti. Vou até o fim negando e falando a verdade. Não tenho medo. Olavo Bilac ferrou meu dia. Getúlio também. Os dois estão mortos. Os dois eram chatos. E eu, bem eu continuo por aí.
Mas...
Quem será que tacou o ovo na ladainha do Bilac?

sábado, 12 de junho de 2010

As Colegiais Selvagens

Carlinhos andava na seca, naquele desespero. Havia deixado um relacionamento de cinco anos há pouco mais de dois meses. Aos 32 anos, começava a retomar a vida de solteiro, mas estava sem sorte nas investidas sexuais. Depois de anos com Laura, aquela trepada garantida, parecia que havia perdido o timing, mesmo quando estava ali, cara a cara com o gol. Sempre falhava. Já estava ficando perturbado com a situação. Enquanto isso, a mão direita ficava cada dia mais calejada. A imaginação já nem funcionava mais. Nem mesmo a gostosona do escritório inspirava.

Certa noite, já em casa, de volta de mais uma night perdida, Carlinhos não se aguentava. Precisava aliviar toda a tensão, mas já não tinha mais saco para as solitárias viagens eróticas. Decidiu, então, comprar um filme de sacanagem pela TV a cabo. Foi ao menu pornográfico da operadora, escolheu a opção na medida do seu desespero e ligou.

– Alô, eu queria comprar um filme no canal 285, para meia-noite.
– As Colegiais selvagens, meu senhor? É isso mesmo?
– É minha senhora, é esse mesmo.
– Tem certeza?
– Tenho – respondeu, já impaciente.
– Muito bem. Um minuto, por favor. Pronto, compra efetuada, senhor.
– Obrigado – desligou Carlinhos, ansioso para o espetáculo começar.

Faltavam 15 minutos para meia-noite, mas Carlinhos já quase não suportava mais a espera. Olhava o celular a cada minuto para conferir a hora, congelada àquela altura. Cinco minutos para a festa começar e o homem, deitado na cama diante da TV, já começava o aquecimento. Meia-noite, o cotrole numa das mãos e uma euforia contagiante. Na tela da TV, nada. Apenas o aviso da operadora de que um outro filme já havia começado. Mais dois minutos e nada. Carlinhos, totalmente aquecido, se desesperou. Pegou o celular e ligou novamente para operadora.

– Alô, eu comprei um filme no canal 285 que estava marcado para começar meia-noite, mas não entrou nada ainda.
– As Colegiais selvagens, meu senhor?
– É, porra! É esse mesmo!
– Calma, senhor. Aqui no meu guia, o filme está previsto para começar 1h.
– Como assim, como assim – repetia Carlinhos, quase explodindo. – Vocês confirmaram o filme para meia-noite.
– Infelizmente, senhor, o filme só começa uma hora.
– Como assim, minha senhora. Eu estou aqui, deitado na cama, só esperando essa porra desse filme começar. E você só me diz isso.
– Infelizmente, o senhor vai ter que esperar.
– Eu estou deitado na cama, você entendeu a situação?
– Infelizmente...

Carlinhos encerrou a ligação sem que a atendente pudesse falar mais qualquer coisa. Desolado, jogou o celular na cama, virou para o lado e dormiu. O filme ficou passando sozinho.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vivaldo no ônibus, cuidado!

Estava eu, no ônibus 434, voltando da Lapa para casa no Grajaú, quando entrou um grupo de jovens mauricinhos. Eles embarcaram naquele ponto da Vila Mimosa, na Pça da Bandeira. Só que a viagem estava mais excitante para eles do que as atividades da Vila. Certamente, eles deviam estar esperando ansiosamente por dias o momento mágico de pegar aquele ônibus e curtir a sensação de ridicularizar todos os passageiros. Que onda! Uhuuul

Na primeira parada, entrou uma garota normalmente puta por estar indo trabalhar.

-Putz, parece o Vampeta de saia!!! - gritou um dos rapazes, que se chamava Vivaldo. - Olha só!!!! Ha! Ha! Ha! Ô coroa, tu tem maior cara de liquidificador queimado da Mitzubicha. Ih, olha o nerd de Cara de parachoque do 415.

Nesta última piadinha, uma senhora deixou cair a dentadura de tanto rir. E como tudo acontece comigo, ela estava do meu lado e eu tive que pegar no chão para ela. Toda babada.

Foi aí que o Vivaldo começou a me zuar. Começou a me chamar de cara disso, cara daquilo. Eu já ficando puto, cheio de sono e com fome, doido pra chegar em casa.

Logo, Vivaldo e seus amigos começaram a falar de mulher. Quem pegou quem, contando uns caôs de fantasias que realizaram com suas namoradinhas, aquelas que vemos em contos eróticos. Os caras não tiravam nem a vírgula. Mas eles contavam estas histórias gritando. O ônibus cheio de mulheres e eles nem aí.

Chegou a hora do Vivaldo descer do ônibus. Ele estava lá na frente com seus amigos e começou a se despedir.Quando começou a encaminhar-se para trás do ônibus, eu pensei: "Agora é a minha vez de sacanear este maluco". E gritei:

- Olha o tarado do ônibus! Vai descer o tarado do ônibus! Vai sarrar em geral. Cuidado!

Todo mundo começou a se inclinar para não encostar no Vivaldo. As mulheres com cara de mau para ele. Alguns homens até empurraram ele para não ficar se encoxando. Tinha uma menina linda que parecia o Romário se esquivando da bola na copa de 94 quando o Branco fez aquele de gol de falta contra a Holanda. Vivaldo ficou sem reação. Não sabia nem onde enfiar a cara. E o pior, quando ele desceu do Bus, tinha umas amigas na porta do prédio dele e o pessoal do ônibus começou a gritar: Tarado!!!! Pervertido!!!! Ninfomaníaco!!!! E eu, pra sacanear mais um pouquinho, gritei: -Tá usando calcinha!!!

Ele ficou tão puto que tentou jogar uma latinha de cerveja no ônibus, mas não conseguiu. Acho que da próxima vez vai pensar duas vezes antes de fazer farra no 434....

sábado, 5 de junho de 2010

Depilação mais do que cavada

A vida toda sempre raspei a dita cuja. Comecei a sair com um poeta cara-de-pau e dois dias depois de nós termos ido pela primeira vez ao motel, ele lançou rasgante:

- Po, posso te pedir um favor?
- Claro...
- Da próxima vez, vai peladinha...
- Ué, como assim? Você quer que eu já saia pelada de casa?
- Não... eu quero que você esteja sem pêlos... nenhum.

Ok, bem no estilo Olhos nos Olhos do nosso caro Chico: obedeci. Entrei num salão de depilação daquelas estilo Pelo Menos e pedi com segurança: "quero fazer Virilha. Cavada". Sim, porque, para quem raspou a vida inteira fazer virilha cavada é um passo muito ousado. Pedir logo virilha total seria suicídio.

- Ah, bom, aproveitando vou fazer sovaco e bigode.
- Er... você quer dizer axila e buço?
- (pensei) Não porra, é a buça que eu quero fazer, mas me calei. Certamente elas não fariam boceta e sim virilha. Sim, isso, axila e buço.

Dali a pouco veio me atender uma moça novinha, com luvas e máscara cirúrgica. "oi, pode ficar à vontade". Fui tirar a roupa. Pensei por alguns instantes: "por que será que não existem depiladores homens? Tem ginecologista homem, cabeleireiro homem... mas depilador não". Enfim. Ledo engano. Deitei.

Qual não foi meu espanto com os acontecimentos que vieram a seguir. Primeiro, por algum motivo, a mulher entendeu que a minha axila ficava no mamilo. Sim, porque, a todo momento enquanto depilava meu sov, digo, axila, ela segurava meus peitos, afastava meu sutiã e deixava tudo à mostra, enfim... estranhíssimo... mas relevei. Tem mulher que tem cabelo no peito, vai ver ela queria conferir. Mas, po, se eu tivesse e quisesse depilar, teria falado né?

Depois, o assédio total. Acabado o sofrimento da depilação cavada, ela sugere: "posso passar gelzinho?". Gelzinho? Puxa, ok, né, normal, pra não irritar e tal. Só que irritou. Ela tirou a luva e começou uma massagem pélvica pós depilante profundamente erótica. E subia, descia, prum lado, pro outro... e eu pensando: gente, isso não vai acabar nunca? QUE estranho.... fui embora.

Na segunda-feira, cheguei ao trabalho e perguntei para uma amiga.
- Vem cá, é normal nesses lugares tipo Pelo Menos, depois da virilha cavada, a mulher passar um gelzinho?
- É, po, geralmente ela joga e você espalha.
- Mas ela continua de luva né?
- Ah, claro, ela só joga, de luva... Por que?
- Nada não...

É... parece que não era só o poeta que gostava de uma peladinha... voltei para a gilete, que também corta dos dois lados, mas Pelo Menos é mais segura....

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um china no interior do estado


Eu estava passando um fim de semana na casa de um amigo numa aprazível cidadezinha do sul do Rio de Janeiro chamada Paty do Alferes. No domingo, era dia de jogo do Flamengo. Depois de um churrasco durante todo o sábado, decidimos acordar cedo e ir direto para ao bar da estação - único lugar que tinha tv a cabo disponível e onde os rubro-negros costumavam se encontrar - para assistirmos ao certame.

Bebemos muita cerveja e comemos porção de batata-feira com linguiça calabresa. De sobremesa, uma porção de salaminho. Perdemos a hora. Os pais do meu amigo já nos esperavam em casa para nos levar à igreja. Tivemos que nos arrumar correndo e saímos. Depois da missa, decidimos ir à uma boate na cidade vizinha, Miguel Pereira. Para ser mais exato, num distrito chamado Portela. Como qualquer noitada de domingo numa cidade de 20 mil habitantes, todos se conheciam e aquele era o único lugar que ficaria aberto depois da meia-noite. Mas meu amigo estava com fome e resolvemos, em comum acordo, parar num desses "chinas" para comer alguma coisa antes de entrarmos na XV (apelido do lugar onde aconteceria o "baile"). Comemos e partimos.


Senti, no exato momento que mastiguei o último pedaço do pastel de queijo, que não deveria ter feito aquilo. Aquela sensação cortante na região do abdome - resultado da mistura de cerveja, pastel, calabresa, salaminho e gordura de anteontem - me dizia que a noite não acabaria bem. Mas pensei: "Eu sou forte. É só pensar em outra coisa. Não posso acabar com a noite do camarada". Pedi, forçosamente, uma cerveja. Bebi meia lata e me veio, desta feita, a vontade de fazer o número um também. Não havia jeito, precisava ir ao banheiro. Procurei o da boate e só havia mictório, daqueles de metal presos na parede. Precisava sair.


Virei pro meu amigo e disse calmamente:

- Cara, vou vazar porque tô passando mal. Mas fica tranquilo que eu sei chegar na casa.
- Que isso cara!? Vou conitgo. Saímos.
- Tem algum táxi aqui?
- Ih rapaz, a essa hora? Impossível. Isso aqui é cidade do interior...
- E quanto tempo demora para passar ônibus?
- Não tem mais não. Só van agora. Mas, provavelmente, vamos ter que esperar ela encher para sair.
- (pensei): Tô fudido.


Comecei a suar frio. Cinco minutos se passaram e nada. Dez, quinze, vinte. Eu já não aguentava mais quando de repente vi uma luz no fim da rua, literalmente. Era uma placa da Brahma onde estava escrito "Bar do Marão". Era lá mesmo. Fui até lá e, entrando no bar, dei de cara com o Marão. Ele era um negão de uns dois metros de altura, careca e com uma enorme barba branca. Braço cheio de pulseiras e cordão de ouro. Camisa azul de botão aberta deixando a mostra o peitoral de quem um dia havia sido sarado.


- Boa noite. Posso usar seu banheiro. É uma situação de vida ou morte.


Ele, notando meu desespero, apenas balançou a cabeça positivamente. Sai correndo e quando vi o vaso, não sei como, já estava com as calças arriadas. Alívio. Mas daí vem a segunda parte do desespero: não tinha papel. Cueca? Eu teria que pegar um ônibus ainda e depois andar mais uns quinze minutos a pé até a casa do meu amigo. De calça jeans e sem cueca seria tortura. Meias? Tava muito frio. Resolvi então dar uma olhada na lixeira para ver se reaproveitava alguma coisa. Havia uma embalagem de absorvente, o que me fez pensar que alguém já havia passado um outro perrengue por ali. Usei.


Não foi aqueeeela limpeza mas daria pra controlar as coisas até em casa. Relaxado, fui lavar as mãos e qual não foi minha surpresa quando vi até sabonete. Pra quem frequenta boteco sabe que isso é a coisa mais rara do mundo! Mas quando abri a torneira, veio a terceira situação deseperadora. A pia estava com refluxo e jogou para cima toda a água que estava dentro do vaso sanitário. Quando a coisa se assemelhou a um chafariz, só tive tempo de me esquivar como um azougue antes que o jato que saiu do ralo da pia caísse sobre mim. Fração de segundos mesmo. Consegui fechar a torneira, mas o estrago já estava feito. Sai do banheiro com a maior calma do mundo, olhei bem para o Marão e disse:


- Quanto que é para usar o banheiro?
- Não é nada não, senhor - falou Marão com uma voz de trovão.


Eu estiquei a mão para cumprimentá-lo e larguei 20 reais na mão dele. Olhando bem dentro de seus olhos, disse com pureza d'alma:


- É melhor o senhor aceitar porque a situação lá dentro tá feia...


E sai do bar para nunca mais voltar àquela boate e nem mais a nenhum china na minha vida.